Apesar de ter cursado medicina na Universidade Federal de Pelotas, no sul do estado, Nathalia Galvagni atribui ao Vale do Taquari a região que tem o seu coração. Criada em Estrela e filha de comerciantes, a médica sempre manteve uma forte conexão com a comunidade local, onde pôde observar a resiliência e a força das pessoas, qualidades que a inspiram em seu trabalho.
O desejo de cursar medicina surgiu de suas visitas a consultórios médicos durante a infância, mas, na visão de Nathalia, as chances de concretizar esse sonho eram mínimas. “Acreditava que só conseguia ser médico quem já tinha isso estabelecido como herança cultural na família”, menciona.
A oportunidade de realizar a graduação surgiu quando se mudou para Pelotas com a família durante a adolescência. Apesar das dificuldades, ela sempre contou com o apoio de seus pais, que investiram em seus estudos, e ela retribuiu com esforço e dedicação, o que a levou a passar de primeira no desejado curso de medicina.
Durante a graduação, no período de escolha do estágio optativo, Nathalia entrou em contato com o Hospital Bruno Born e foi aceita. “Fui a primeira estagiária que o Bruno Born teve na UTI, em 2015”, diz com emoção. Nesse período, além dos aprendizados, ela também estabeleceu laços com a equipe técnica, que despertaram nela o desejo de continuar na casa de saúde. “Conheci a estrutura física e intelectual, e isso me despertou uma vontade muito grande de continuar, porque é um hospital de muita qualificação e aprendi muito durante aquele um mês.”
Já formada, Nathalia buscou a especialização em pneumologia. Entre os vários hospitais pelos quais teve aprovação, ela escolheu retornar ao Bruno Born, não apenas pela qualidade da instituição, mas também por suas raízes na região, o que lhe permitiria manter uma qualidade de vida compatível com seus desejos.
Nathalia encontrou na terapia intensiva e na pneumologia uma afinidade pelas complexidades que ambas as áreas envolvem. Em relação às dificuldades, ela destaca o período da pandemia de Covid-19, quando ainda não havia concluído sua residência. “Foram tempos muito difíceis tanto para os recém-formados quanto para os mais experientes”, relembra, destacando os desafios emocionais e técnicos ao lidar com pacientes em estado crítico. “A necessidade de atualização constante e a pressão emocional tornaram esse período um aprendizado intenso e transformador”, menciona.
A médica enfatiza que, “em tempos de incerteza, a ciência sempre prevalece”, destacando o papel fundamental da pesquisa e do conhecimento científico na tomada de decisões médicas. Ela acredita que a medicina deve se basear em evidências e no que é capaz de salvar vidas, um princípio que ela segue em sua atuação na UTI. Além disso, Nathalia valoriza o cuidado humanizado e o foco no paciente, buscando oferecer um tratamento completo que vai além da doença. “O cuidado com o paciente deve ser sempre a prioridade”, conclui.