Diretor do IFSul de Venâncio Aires se torna o primeiro homem a concluir ultramaratona de 460 km

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Diretor do IFSul de Venâncio Aires se torna o primeiro homem a concluir ultramaratona de 460 km

Geovani Griesang enfrentou desafios extremos na Cassino Ultra Racer e destaca superação mental e física

Diretor do IFSul de Venâncio Aires se torna o primeiro homem a concluir ultramaratona de 460 km
Crédito da imagem: divulgação
Venâncio Aires

O diretor-geral do IFSul, Pólo Venâncio Aires, Geovani Griesang, entrou para a história do atletismo gaúcho ao ser o primeiro homem a completar os 460 km da ultramaratona Cassino Ultra Racer, realizada no litoral do Rio Grande do Sul. A prova ocorre faz quatro anos.

A prova, iniciada na última sexta-feira, 21, exigiu resistência física e mental ao longo de 89 horas de corrida. Griesang se tornou o primeiro homem a completar a modalidade “Double” da prova, que corresponde a dois trajetos de ida e volta entre os moles do Chuí e o balneário Cassino.

Considerada uma das ultramaratonas mais desafiadoras do Brasil, a Cassino Ultra Racer coloca os atletas à prova em um percurso praticamente inóspito, com areia fofa, vento constante e condições climáticas imprevisíveis. A modalidade “Double” exige que os participantes completem o trajeto de 230 km duas vezes, somando 460 km, o que coloca a prova entre as mais extremas do país.

Além da distância absurda, os corredores precisam lidar com o desgaste físico provocado pelo terreno irregular e pela monotonia da paisagem. A falta de referências visuais e a sensação de estar sempre no mesmo lugar são desafios adicionais que testam a resistência mental dos participantes.

Preparação rigorosa e apoio fundamental

Para conquistar esse feito inédito, Griesang contou com uma preparação rigorosa, que envolveu meses de treinos intensos, planejamento estratégico e suporte emocional de familiares e amigos. A rotina de treinos incluía corridas semanais de até 150 km, divididas entre asfalto, trilha e areia, para simular as condições da prova. Além disso, fazia treinos de força e condicionamento físico para suportar as longas horas em movimento.

O planejamento nutricional foi outro fator crucial para garantir energia ao longo dos quatro dias de corrida. Geovani contou com a orientação de nutricionistas especializados em esportes de endurance, que elaboraram um cardápio rico em carboidratos complexos e proteínas, além de suplementação adequada para repor os nutrientes perdidos durante o esforço contínuo.

Estratégia de corrida

Durante a prova, Geovani traçou uma estratégia conjunta com o amigo e ultramaratonista Júlio Cesar Becker, de Santa Cruz do Sul, para percorrerem juntos até o quilômetro 365. A parceria foi fundamental para manter o ritmo e enfrentar os momentos mais difíceis. No entanto, devido a dores nos pés causadas por bolhas, Becker não conseguiu completar a prova, e Griesang seguiu sozinho até o final.

A dupla planejou correr em um ritmo moderado para economizar energia e manter a regularidade. Nos momentos de descanso, eles se hidratavam, consumiam alimentos energéticos e aproveitavam para trocar meias e calçados, evitando problemas como assaduras e formação de bolhas.

Chuva, maré e areia movediça

Griesang destaca que um dos momentos mais difíceis foi enfrentar a chuva torrencial no início da corrida, que encharcou os tênis e causou desconforto nos primeiros quilômetros. Além disso, nos trechos finais, a maré alta forçou os corredores a desviarem pela areia movediça das dunas, um esforço adicional que exigiu concentração e cuidado para evitar lesões.

“Não pensei em desistir em nenhum momento. Pensei nas pessoas que estavam torcendo por nós: família, amigos, profissionais que nos prepararam. Enfrentamos chuva torrencial no início e maré alta no final, que nos obrigou a correr pelas dunas com areia movediça. Foi muito desafiador”, relembra.

Superação e conquistas pessoais

Ao completar os primeiros 230 km, o atleta garantiu o terceiro lugar parcial, mantendo o foco na segunda metade da prova. A superação veio com a finalização dos 460 km, coroando um esforço contínuo e intenso. “O momento mais emocionante foi concluir a distância e me tornar o primeiro homem a completar essa prova. Fiquei feliz e ao mesmo tempo triste por meu amigo não ter conseguido, mas ele foi um guerreiro por enfrentar a dor”, reflete.

Logística e alimentação

A logística da corrida foi um dos pontos cruciais para o sucesso. Durante o percurso, o ultramaratonista contou com mochilas cheias de água, suplementação e alimentos energéticos, como bisnaguinhas, rapadura, batata com frango e frutas. As drop bags, deixadas em pontos estratégicos pela organização, continham tênis e roupas secas para enfrentar as variações climáticas e as intempéries da praia.

Griesang seguiu um rigoroso plano nutricional elaborado por profissionais, consumindo alimentos a cada meia hora para manter a energia. Além disso, enfrentou variações extremas de temperatura e o desafio de manter os pés secos em meio às intempéries.

Para ele, completar uma ultramaratona não é apenas uma questão física, mas um aprendizado sobre resiliência, força de vontade e a importância do apoio de familiares e amigos. Ele destaca que sua rotina de treinos é intensa, com corridas semanais conciliadas com as atividades profissionais e pessoais.

Próximos desafios e legado

Após conquistar a Cassino Ultra Racer, Griesang já planeja seu próximo desafio para o segundo semestre: a participação na Vaca Backyard, prova em Porto Alegre que pode garantir a classificação para o nacional e para o mundial por equipes.

Geovani quer utilizar sua experiência para incentivar novos corredores a se dedicarem ao esporte de resistência e superar seus próprios limites. “Não desistam dos seus sonhos. Precisamos de empenho, determinação e foco. Treinar é duro, mas a recompensa vale a pena”, finaliza.

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