No mundo corporativo e político, é comum encontrar lideranças cercadas por “Yes, Man” – profissionais que concordam com tudo o que o chefe diz. Embora essa postura possa parecer vantajosa para manter um ambiente harmonioso no curto prazo, os efeitos dessa cultura são desastrosos no longo prazo.
Líderes que se acostumam a ouvir apenas concordância se distanciam da realidade. Sem contrapontos, caem na armadilha de acreditar que suas ideias são infalíveis. Essa cegueira estratégica os impede de perceber erros a tempo, reduz sua capacidade de adaptação e os torna vulneráveis a fracassos evitáveis. No longo prazo, esses líderes perdem credibilidade e se tornam reféns da própria ilusão de infalibilidade.
Muitas vezes, o líder não fomenta a cultura do “Yes, Man” intencionalmente. Em um ambiente de alta pressão, onde decisões precisam ser tomadas rapidamente, ele pode acabar incentivando a concordância sem perceber. O receio de criar mais um problema em um cenário já estressante pode fazer com que o líder prefira colaboradores que simplesmente aceitam suas diretrizes. Isso pode acontecer não por ego, mas pelo desconhecimento dos impactos negativos dessa dinâmica.
Para os profissionais que assumem a postura de “Yes Man”, a vantagem inicial é aparente: evitam conflitos, ganham a simpatia da liderança e podem até garantir promoções no curto prazo. No entanto, essa postura tem um preço alto. Quando os erros da gestão se acumulam e os resultados desaparecem, esses mesmos profissionais são os primeiros a serem responsabilizados e não sobem a escada profissional. Além disso, a falta de um ambiente onde a divergência seja valorizada sufoca talentos, desmotiva profissionais competentes e reduz a inovação.
Organizações que se fecham em bolhas de confirmação perdem. Sem questionamento, sem debate e sem visões alternativas, as decisões tornam-se baseadas em percepções limitadas. No longo prazo, isso leva a erros estratégicos, desperdício de recursos e perda de relevância no mercado. Existem casos clássicos de empresas que faliram por ignorar sinais claros do mercado e são exemplos de como a falta de debate interno pode ser fatal.
Para evitar a armadilha dos “Yes, Man”, é essencial que líderes promovam um ambiente e criem procedimentos internos onde a discordância seja bem-vinda. Valorizar a diversidade de opiniões, estimular a argumentação construtiva e premiar a coragem de apontar erros são atitudes que fortalecem empresas e equipes. Mas, para que isso ocorra de forma efetiva, é necessário que os líderes estejam dispostos a escutar e a mudar de opinião quando confrontados com argumentos sólidos.
Além disso, é fundamental que a cultura valorize o pensamento crítico e o feedback. Em muitas empresas, ainda existe a ideia equivocada de que questionar a liderança é um sinal de insubordinação. Cuidado, o “Yes, Man” é um perigo.