O devorador de tudo

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

O devorador de tudo

“Lava Jato não produziu a superação dos problemas de corrupção no país. O seu principal legado é outro: demonstrar de maneira escancarada a precariedade e fragilidade de nossas instituições. Não é uma lição fácil de digerir, e na verdade pode ser devastadora, como todo momento de autoconhecimento.”
Rubens Glezer

“Tempus edax rerum” é uma frase em latim que significa “tempo, devorador de todas as coisas”. É frequentemente usada para transmitir a ideia de que nada é imune aos efeitos destrutivos do tempo.

A frase é atribuída a Ovídio e aparece em sua obra “Metamorfoses”, que é considerada uma das obras mais influentes da cultura ocidental. Ela serve como um lembrete de que as pessoas não podem escapar da devastação do tempo, que consome tudo o que são e possuem.

Lembro disso para destacar as mudanças de pensamento de alguns personagens importantes da Justiça brasileira que terão certamente muito trabalho a partir da próxima semana e que podem redefinir o Brasil. Por isso “Alea jacta est” (os dados estão lançados).

Essa foi a frase em latim supostamente proferida por Júlio César ao tomar a decisão de cruzar com suas legiões o Rio Rubicão.

Na linguagem popular, é uma expressão utilizada quando os fatores determinantes de um resultado já foram realizados, restando apenas revelá-los ou descobri-los.

Vejamos então o que o tempo fez com alguns dos nossos personagens…

“Na verdade, o que se instalou no país nesses últimos anos e está sendo revelado na Lava-Jato é um modelo de governança corrupta, algo que merece um nome claro de cleptocracia. Veja o que fizeram com a Petrobras. Eles tinham se tornado donos da Petrobras. Infelizmente para eles, e felizmente para o Brasil, deu errado.”
Gilmar Mendes. Setembro de 2015.

“A Lava Jato trouxe transformações sem precedentes para o Brasil, que passou a ser respeitado internacionalmente pela atuação contra desvio de dinheiro público. Esse movimento teve perdas. Mas o país já mudou. E o combate à corrupção não vai retroceder.”
Luis Fux. Janeiro 2021.

“A força-tarefa de Curitiba agiu para perturbar o país durante o governo de Michel Temer, apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência da República em 2018 e tentou influenciar o processo eleitoral brasileiro.”
Gilmar Mendes. Março de 2021.

“É claro que se tiver um excesso, ele deve ser objeto de atenção. Mas é preciso não perder o foco. O problema não é ter tido exagero aqui ou ali. O problema é esta corrupção estrutural, sistêmica, institucionalizada, que não começou com uma pessoa ou um partido, vem de um processo acumulativo que um dia transbordou. E o que a gente assiste hoje é a tentativa de sequestrar a narrativa como se isso não tivesse acontecido.”
Luís Roberto Barroso. Março de 2021.

Ao ser questionado sobre uma possível anulação da Lava Jato, respondeu,: “Não quero nem pensar nisso. Um absurdo. Uma vergonha nacional. O respeito ao STF vai para o esgoto”.
Luis Fux. Março de 2021.

“Muitos dos personagens que hoje estão aqui, de todos os quadrantes políticos, só estão porque o Supremo enfrentou a Lava Jato. Eles não estariam aqui. Inclusive o presidente do Supremo da República, por isso é preciso compreender o papel que o Tribunal desempenhou.”
Gilmar Mendes. Outubro de 2023.

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