Na sua infância, você já se interessava pela preservação da natureza?
Eu sempre fui muito ligado a natureza, desde antes a faculdade de Agronomia. Meu falecido pai e eu fomos sempre observadores da natureza e preservacionistas. Eu ficava atento ao meu pai, o fato de como ele defendia a natureza, e me liguei a isso.
Como começou a criar abelhas-sem-ferrão?
Comecei a criar abelhas-sem-ferrão desde os 12 anos. Atentava quando derrubavam uma planta e não conseguia ver as abelhas serem destruídas. Então, sempre procurava achar alterativas para que elas sobrevivessem, botando-as em caixinhas, latinhas ou chaleiras velhas para preservar. Não tínhamos muito conhecimento, na época não havia ninguém para orientar.
Quantas colmeias você possui hoje?
Iniciei preservando os enxames que apareciam em casa. Lembro das mirins e as tubunas. Eu nunca fui um grande criador de abelhas, eu tenho cerca de 60 colmeias e o intuito é de preservar, observar, colher nossos meus méis e passar o tempo com elas. Não crio para vender. Gosto de repassar o que aprendi com elas para as pessoas.
Qual sua missão como agrônomo e criador de abelhas nativas?
Meu trabalho sempre foi defender as abelhas e, com elas, sinto bem-estar. Tudo o que sei, aprendi com as abelhas: como elas organizam suas famílias, as plantas que preferem; descobri tudo observando-as.
Como os criadores começaram a se organizar?
Depois que passei a trabalhar na Emater, eu ia para o interior e via outros produtores que também criavam as abelhas-sem-ferrão. Percebi que não estava sozinho. No começo, as pessoas não sabiam qual o papel das abelhas nativas na natureza, por isso, elas não despertavam tanto interesse. Com o tempo, na Emater, fui atendendo cada vez mais agricultores interessados na criação delas. Começamos a fazer encontros e em 2002, fizemos o primeiro seminário, pela Emater. Juntou muita gente.
Quantos criadores tem o Vale do Taquari?
Acho que deve ter no mínimo 5 mil criadores, muitos com muitas caixas e outros com somente algumas. Há pessoas que têm no fundo de suas casas, suas abelhinhas. A criação de abelhas faz bem para a alma. É o contato com a natureza. A abelha tem um papel importante e a gente começa a entender a relevância delas e a querer ajudá-las.
Qual o papel da AMEVAT na defesa das abelhas?
Queríamos trabalhar pela legalidade das abelhas e surgiu a AMEVAT, que foi criada em 2014, para defender e fomentar a atividade. Fomos fazendo seminários, trocas de experiências, encontros e oficinas. Hoje, vamos realizar o 11º Seminário Regional de Meliponicultura, que vai ser em Teutônia. Um evento gratuito, para atrair pessoas, nos dias 21 e 22 de março, no Colégio Teutônia. Uma das missões do seminário é repassar conhecimento. Teremos atividades do dia 21, com alunos das escolas de Teutônia. As abelhas são seres frágeis e é importante que as pessoas que comecem na criação, já tenham o conhecimento certo para ter um enxame. O seminário se propõe a repassar tecnologia. E também, a ideia é preservar a espécie e mostrar para sociedade, o valor das abelhas.
As abelhas-sem-ferrão estão ganhando destaque?
A criação de abelhas-sem-ferrão cresceu muito nos últimos dez anos. Hoje, elas são destaque em escolas e integram diversas ações públicas. Temos 24 espécies no nosso estado, e cada espécie tem uma preferência de plantas.