Mais investimentos em infraestrutura, atenção aos espaços de convívio e lazer e importância econômica, com transformações por meio do Plano Diretor. Temas que nortearam o primeiro debate temático de 2025 do projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os Bairros”, ocorrido na Praça João Zart Sobrinho, a Praça do Papai Noel, no bairro Americano.
Símbolo de um dos bairros mais pujantes da cidade, a praça passou por reformulações e se tornou o palco ideal para a atração promovida pelo Grupo A Hora, dentro do programa “Conexão Regional”. Além do Americano, o debate também teve como foco o desenvolvimento dos bairros Florestal e Moinhos.
Juntos, os três bairros somam quase 15 mil habitantes e sediam importantes empresas, que contribuem para a geração de emprego e renda na cidade. Também são cortados por vias que os conectam a partes diversas da cidade, como o Centro, regiões mais distantes e as rodovias ERS-130 e BR-386.
Presidentes das associações de moradores do Americano e do Florestal, Adair Ruppenthal e Carlos Bonzanini representaram suas comunidades, respectivamente, enquanto os secretários municipais de Desenvolvimento Econômico, e de Planejamento, Urbanismo e Mobilidade, Jairo Valandro e Alex Schmitt, apresentaram as ações e planos do Poder Público.
Transformação
Bonzanini reforça que o Florestal, embora tenha décadas de consolidação como um dos principais bairros da cidade, passa por um momento de transformação, a partir da construção de novos empreendimentos imobiliários. São edifícios que devem contribuir para o aumento da população, que hoje já passa dos 5 mil habitantes.
“Nós estimamos de 1,5 mil a 2 mil novos moradores a partir desses empreendimentos. E isso com certeza vai causar também impacto no trânsito. Lajeado já é uma das cidades com maior número de veículos per capita. A falta de vagas é algo que está presente em qualquer canto da cidade, e no bairro não vai ser diferente”, projeta.
Para ele, é necessário que o município tenha um cuidado maior com a parte de zeladoria. Isso, acredita, vai contribuir também para melhorias na mobilidade. “No momento em que tivermos calçadas boas, um lugar bonito e bem cuidado para caminhar, alguém vai deixar o carro em casa e ir ao trabalho a pé. Eu moro a 8, 9 quadras do meu serviço. Mas não transito a pé porque não há um conjunto para uma caminhada agradável”.
Vantagens e desvantagens
Quando abriu seu estabelecimento na avenida Acvat, há pouco mais de 20 anos, o presidente da Associação de Moradores do Americano, Adair Ruppenthal, lembra que “o meio da cidade” ficava no bairro. No entanto, Lajeado se expandiu para outras partes da cidade, o que não fez a localidade perder o seu “charme”. No entanto, há situações antigas que necessitam de soluções urgentes.
“Tem muitas vantagens no Americano em ser um bairro antigo. Mas desvantagens também. O sistema de esgoto aqui foi projetado há 50 anos. E precisa de manutenção, precisa ser trocada a tubulação”, pontua, ao lembrar ainda da verticalização crescente. “Estamos ficando cercados por edifícios. Hoje, o Americano é o bairro mais visado da cidade, com os terrenos mais caros”.
Por outro lado, a mudança de perfil recente torna o Americano em um “polo gastronômico” de Lajeado, o que, para Ruppenthal, é positivo. “A posição geográfica é excepcional. Temos de tudo aqui. E agora temos muitos restaurantes, pizzarias, bares. É algo muito agradável, bacana”.
Concentração de idosos
Um ponto em comum no Americano e Florestal é a presença de idosos. São dois dos bairros com maior concentração de pessoas com 60 anos ou mais na cidade. Isso, para os dois líderes comunitários, exige movimentos distintos para conseguir atender a essa população.

(Foto: Mateus Souza).
No caso do Florestal, Bonzanini defende a construção de um posto de saúde no bairro. “Nossa referência é o Centro, mas precisamos de um local mais próximo, para facilitar o deslocamento dessas pessoas. Essa é uma demanda antiga nossa”.
Já no Americano, Ruppenthal alerta para a questão da perturbação do sossego. Acredita que, com a Guarda Municipal, a fiscalização seja reforçada. “Os bares, muitas vezes, tem música ao vivo, ou o próprio som ambiente um pouco mais alto. E, se andar 50 metros para o lado, tem casas. Há muitas famílias com idosos aqui no bairro”.
Ruppenthal defende que seja cumprida a legislação vigente, o que, segundo ele, não ocorre na prática hoje em dia. “Está no código de posturas do município. Não tenho nada contra estabelecimento algum, mas a lei tem que ser cumprida. É a base de tudo, da convivência, do equilíbrio”.
Descentralização

Desenvolvimento do Moinhos teve avanço residencial sobre áreas antes exclusivamente industriais (Foto: Felipe Neitzke).
Os três bairros se destacam também pelo fenômeno da descentralização. Mesmo próximos ao Centro, desfrutam de vida própria em diferentes aspectos. Essa transformação é mais recente no Moinhos, que agora começa também a despertar para a construção de edifícios maiores, algo antes não permitido pelo Plano Diretor.
“São bairros que acabaram incorporando desenvolvimento em termos de comércio, indústria e serviços, coisas que antes estavam mais concentradas no Centro. Isso descomprime um pouco dessa pressão que o Centro recebia. Mas os acessos a esses bairros ainda representam alguns gargalos. Alguns movimentos de descentralização ainda não aconteceram”, admite Schmitt.
Já Valandro reforça a importância de olhar para onde caminha o desenvolvimento da cidade e para onde as empresas estão se deslocando. “Cabe a nós ter esse olhar atento e saber das possibilidades. Aí entra o código de posturas. Hoje estamos começando a ver esses polos característicos, como temos aqui no Americano essa questão dos bares, que são cases de sucesso”.
Nascido em Lajeado, Valandro reforça que os três bairros são “muito diferentes” do que eram antigamente. “Principalmente o Moinhos, que era muito residencial e com as indústrias bem separadas do bairro. Hoje, estão muito próximos. A cidade encostrou nessas grandes indústrias”.
Serviços existentes nos bairros:
EDUCAÇÃO
Americano: Carrossel Escola Centro Infantil, Escola de Educação Infantil Educatus, Escola Infantil Brincarolá
Florestal: Escola Estadual de Ensino Fundamental Manuel Bandeira, Escola Municipal de Educação Infantil Espaço Criança
Moinhos: Escola Estadual de Ensino Fundamental Carlos Fett Filho, Escola Municipal de Educação Infantil Aprender Brincando, Escola Municipal de Educação Infantil Recanto Infantil, Garatuja Escola de Educação Infantil
SAÚDE:
Americano: Espaço A. (Clínica da Apae)
Florestal: Farmácia-Escola e Medicamentos do Estado
Moinhos: ESF Moinhos e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)
ASSISTÊNCIA SOCIAL:
Americano: Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas)
Empresas dos bairros que estão entre os 100 maiores valores adicionados fiscais (VAFs) em 2023:
Americano: Imec (atacarejo), Rede Polo (atacarejo), Farmácias São João (filial), Motomecânica, Posto Fórmula (filial), Obra Materiais de Construção, Autopeças Zagonel, Valecar, Color Tintas, Equipeças, McDonald’s
Florestal: Imec (filial), Farmácias São João (filial), Posto Fórmula (filial), Smart Tecnologia, Hyundai CarHouse, Droga Raia (filial), Panvel (filial)
Moinhos: BRF, Docile, Minuano, Imec (centro de distribuição), Benoit (centro de distribuição), Farmácias São João (filial), Italianinho Alimentos, Sorvebom (fábrica), Móveis Reeps
Próximos debates:
MARÇO/2025
Bairros: Alto do Parque e São Cristóvão
Data: 26 de março
Local: A definir
ABRIL/2025
Bairros: Campestre, Olarias e Santo André
Data: 16 de abril
Local: A definir
MAIO/2025
Bairros: Conservas e Jardim do Cedro
Data: 21 de maio
Local: A definir