Como a Psicologia surgiu na sua vida?
Sou formada há dez anos. Em toda a minha carreira, o único lugar que atuei foi em Bom Retiro do Sul. A Psicologia entrou na minha vida em função dessa patologia. Ao escolher, pensei muito nas minhas condições futuras, porque sofro com limitações físicas. Na verdade, poderia ter sido qualquer outra profissão, mas já existia uma afinidade quando escolhi a área. O concurso no município abriu no mesmo período em que me formei. Passei, fui convocada e estou aqui até hoje.
O que a Psicologia representa para você?
A Psicologia não me impõe limites, ninguém pode dizer que não posso exercer. Ao longo da graduação fui me apaixonando pelo ofício e a cada dia me fascina mais. Eu gosto de trabalhar com pessoas. Me fascina a história delas, a forma de superação de cada uma, a ressignificação de traumas e dores. É muito lindo ver um paciente contando uma história e perceber toda a força e superação por trás dos acontecimentos. É gratificante poder andar de mãos dadas e oferecer um caminho. Eu também não conheço essa estrada, mas juntos buscamos uma saída.
Como a profissão fortalece você?
É uma troca. Mesmo com as minhas limitações, que podem ser progressivas, consigo fazer a diferença na vida das pessoas por meio do meu trabalho. É importante para mim pois também nutre o meu impulso de vida. A vida é aqui e agora. Penso que nesse processo de autoconhecimento a pessoa vai fortalecendo suas potências e isso me fortalece também. Dar boas notícias é extremamente gratificante. Ver as pessoas alcançando melhorias na saúde mental vale mais que um salário.
Como você lida com a patologia?
Eu poderia fazer uma análise para compreender o tipo específico de distrofia que possuo. Mesmo com a possibilidade da perda de movimentos, optei por não avançar nestas análises. Nenhuma das características da doença possui cura, somente tratamentos paliativos. Portanto, decidi viver o tempo de vida com o máximo de qualidade possível.