A curiosidade sobre a nutrição e a vontade de se conhecer melhor transformaram a vida de Daiane Morgenstern, 25. Moradora de Lajeado, ela é a única pessoa da famílias que nasceu com uma alteração genética e que enfrenta os desafios do nanismo todos os dias.
Formada em nutrição, ela integra, hoje, uma pesquisa nacional sobre a alimentação de pessoas brasileiras com nanismo, além de atender pacientes de todo o país que também possuem a alteração genética e se identificam com a trajetória dela.
Daiane comenta que, no nanismo, é comum o desenvolvimento da obesidade, inclusive por questões metabólicas. Por isso, destaca a importância do cuidado nutricional. Ela conta que foram as próprias necessidades nutritivas que a levaram a estudar a área e se profissionalizar.
Hoje, entre as maiores conquistas da vida, ela cita a graduação e o ingresso no mestrado em Biotecnologia. Ela também afirma que conhecer outras pessoas com nanismo na vida pessoal e profissional a fez se reconhecer como pessoa.
“Percebi que outras pessoas passam também por situações muito semelhantes. E é muito interessante poder conversar sobre isso. Através do nanismo eu tive muitas oportunidades e me descobri também”.
Sobre o projeto
Daiane conta que entre 2020 e 2021, durante a pandemia, desenvolveu uma parceria com a também nutricionista, Ursula Viana Bagni, que mantinha um projeto no Rio de Janeiro sobre alimentação saudável para pessoas com nanismo. “É um público que, na literatura, existem pouquíssimos estudos sobre o estado nutricional, sobre alimentação saudável, então a ideia foi criar um material que pudesse nortear, inclusive, profissionais de saúde”, ressalta Daiane.
O projeto ganhou força e, neste ano, foi integrado às pesquisas do Instituto Nacional de Nanismo (INN), dentro da iniciativa chamada “INNspira”.
O INNspira tem parceria com o Instituto Alok e com a prefeitura de Goiânia. São 12 encontros semanais com 50 participantes, todos com nanismo, em que profissionais da fisioterapia, da educação física e da nutrição acompanham os pacientes.
A pesquisa consiste em um grupo de diferentes pessoas com nanismo, em diferentes idades. Até o momento, o trabalho foi de coleta de informações sobre peso, altura, medidas, além dos hábitos de vida dos participantes, incluindo a alimentação e as mudanças que fizeram desde o primeiro encontro.
Os dados são analisados por Daiane e Ursula para traçar um perfil nutricional dos brasileiros com nanismo. “Os estudos que a gente tem são de fora, com populações de outras regiões do mundo, então vai ser importante esse material”.
A elaboração de um plano alimentar saudável durante a pesquisa também busca a diversidade, focando no reaproveitamento integral de alimentos.
O Instituto Nacional de Nanismo foi criado em 2025, por Juliana Yamin, mãe de uma pessoa com nanismo. O projeto é mantido por meio do apoio de instituições e parcerias, com diferentes recursos para promover a discussão sobre o assunto.
“O instituto também serve para unir famílias que têm nanismo, para trocar ideias, informações e buscar direitos”.
A pesquisa da qual Daiane participa é um projeto piloto do instituto e deve seguir até abril. A instituição, no entanto, já tem planos para continuar os estudos com novos grupos de participantes.