Principal novidade do novo formato do programa Conexão Regional nas tardes na Rádio A Hora, o quadro “Arena Conexão” estreou nesta segunda-feira, 10, com um debate sobre o tema mais polêmico do Vale do Taquari nos últimos tempos: as concessões de rodovias estaduais. Por cerca de 40 minutos, os convidados apresentarem preocupações, críticas ao modelo proposto pelo estado e debateram aspectos positivos e negativos de privatizar as ERS 128,129,130 e a RSC-453.
O assunto pauta as reuniões de associações de municípios e da classe empresarial há pelo menos quatro anos, desde que o governo sinalizou com o repasse da gestão das vias para iniciativa privada e consolidou esta iniciativa em outras regiões do Rio Grande do Sul. No mês passado, ficou definida uma ampliação no prazo para discussão de critérios técnicos até o dia 24 de março, entretanto a maioria dos gestores defende um novo adiamento.
Conforme o vice-presidente da CIC-VT, presidente da Acisam e da empresa Vale Log, Adelar Steffler, a maior preocupação é a perda de competividade do Vale do Taquari em comparação com outras regiões do estado e do país por existir apenas o modal rodoviário como opção de transporte. “Temos cinco modais em nível nacional. São as rodovias, hidrovias, ferrovias, aerovias e dutovias. O Vale tem o que hoje? Só rodoviária e numa situação crítica. Isso me preocupa”.
Steffler defende a existência de pedágio, porém reivindica melhores condições para empresas do Vale sobreviverem em função da alta tarifa sugerida. “Implantação de pedágio ocorre no Brasil todo. É o custo do desenvolvimento e todos tem que pagar. Não concordamos com o tipo de pedágio que tentaram jogar nas nossas mãos por mais 30 anos. Não queremos isso para nossas indústrias”, resume.
Contra novo ponto de cobrança
Diego Konrad é vereador em Mato Leitão. Na última semana ele liderou um protesto contra a implementação de um novo local para cobrança de pedágio na RSC-453. Entre os argumentos do representante do Legislativo está a possibilidade de aumento futuro no valor da tarifa, descaracterizando a proposta atual de um valor mais acessível e com base nos quilômetros percorridos pelos motoristas. “Não somos contra a privatização. O modelo da EGR mostrou, ao menos na RSC-453, que faliu. A rodovia não tem acostamento, é abandonada. Nossa bandeira é brigar contra uma segunda praça de pedágio, a 453 já é pedagiada. Não podemos aceitar que Mato Leitão é um município pequeno, porém próspero e ficaria ilhado. Quem vai se instalar em Mato Leitão com duas praças de pedágio em 28 quilômetros?”, questiona.
O vereador exemplifica e evolução na cobrança feita na RSC-287 em Santa Cruz do Sul como um risco para a concessão em debate no Vale do Taquari. “Por que essa concessão vai ser diferente? A 287 em Santa Cruz começou mais barato. Eu pagava R$ 3,10 e hoje está em R$ 5. Quem vai segurar depois. A gente não pode ser ingênuo. Usaram a catástrofe para justificar o aumento da tarifa”.
Mais tempo de debate
Ex-presidente do Codevat e responsável pelo setor de infraestrutura da Aci-e, Luciano Moresco, considera uma concessão impossível no cenário atual dos debates, com a imposição de mais tempo para discutir obras, valor de tarifa e pontos de cobrança. “Vamos discutir com o estado uma tarifa fixa de R$ 0,14 e pista simples. Quando e se for duplicada a rodovia, que passe para R$ 0,18 ou R$ 0,19. Aí o cidadão estará vendo investimento. Precisamos de mais tempo para debater tudo isso”, defende.
Moresco também ressalta que os maiores fluxos do Vale estão entre Arroio do Meio e Lajeado, Estrela a Teutônia, Lajeado a Teutônia, Lajeado a Cruzeiro do Sul… O maior fluxo está concentrado na metrópole Lajeado. Estimo que 20% dos que pagam pedágio mais seguidamente, 80% é esporádico.
Confira abaixo o debate na íntegra durante o Conexão Regional desta segunda-feira, 10, com mediação de Henrique Pedersini e Rodrigo Martini: