O empresário Roberto Lucchese questiona a instalação de pedágios urbanos na região e defende que a decisão precisa levar em conta os impactos de longo prazo. Ele argumenta que a concessão das rodovias pode influenciar não apenas a mobilidade atual, mas também o desenvolvimento das próximas gerações.
Lucchese compara a situação com a tragédia na divisa entre Lajeado e Estrela, onde a enchente destruiu parte da ponte do rio Taquari. Ele lembra que, naquele momento, a presença da concessionária foi fundamental para a recuperação da via, mas questiona se a população aceitaria um pedágio entre as cidades. “Se a dor estivesse entre Estrela e Lajeado, será que aceitariam um pedágio dividindo uma zona urbana?”, indagou.
Ele reforça que a discussão não deve ser apenas sobre ser a favor ou contra pedágios, mas sobre os impactos que a medida pode trazer, especialmente ao separar cidades pequenas de seus centros urbanos, como Muçum e Encantado. “Quando vou a Porto Alegre, concordo em pagar pedágio, pois estou me conectando com outra região, mas dentro de uma mesma área urbana, a realidade é diferente”, afirmou.
Artur Härter, conselheiro da Lyall Construtora, avalia que o modelo de pedágio urbano tem como objetivo restringir o fluxo de veículos por meio de tecnologias como o “free flow”. Ele alerta que o impacto deve ser analisado com base em dados atualizados, já que a movimentação na região mudou após a enchente. “Os estudos foram feitos antes da tragédia, quando o fluxo principal era pela ERS-130. Hoje, essa realidade é outra”, pontuou.
Lucchese também menciona o Fundo de Recuperação e Manutenção Rodoviária (Funrigs), que recebe recursos dos pedágios e deveria ser utilizado para minimizar os impactos das cheias. “Não está prevista na concessão, por exemplo, a pavimentação do trecho entre Roca Sales e Colinas, que foi essencial no início da enchente”, ressaltou.
O empresário defende que a decisão sobre a concessão precisa envolver mais debate. “São 30 anos de pedágio, o que atinge não só a minha geração, mas também filhos e netos. Se queremos que permaneçam no Vale do Taquari, é preciso garantir que a infraestrutura não afaste famílias e negócios”, concluiu.