O governo do Estado do Rio Grande do Sul avalia alternativas para viabilizar os reparos da malha ferroviária danificada pelas enchentes, incluindo o uso de recursos do Fundo de Gestão de Riscos e Desastres (Funrigs). O vice-governador Gabriel Souza, em conversa com autoridades federais, destacou a urgência da situação e defendeu a separação do trecho utilizado pelo Trem dos Vales da concessão federal. “Não descartamos a possibilidade de usar o Funrigs, queremos uma solução. A região foi a mais atingida pelas enchentes, e a União Federal está cortando gastos, mas estamos falando de bilhões. Se fôssemos arrumar tudo com os dados e informações do ministro do Transporte do Brasil, Renan Filho, seriam necessários R$ 5 bilhões, mas o nosso foco é nos R$ 100 milhões necessários para os reparos”, afirmou Souza.
Gabriel Souza também defendeu que, caso a concessionária Rumo Logística não tenha interesse na exploração do trecho, a União pode questioná-la formalmente. “Se é verdade que a Rumo não tem interesse em explorar este trecho, então a União pode questionar a concessionária. Tendo a resposta de não interesse, podemos autorizar o uso deste trecho por outra empresa, associação ou órgão público, permitindo a retomada do Trem dos Vales”, explicou.
A recuperação da ferrovia enfrenta um desafio financeiro, com o custo estimado de R$ 100 milhões. Souza reafirma que a Rumo deve arcar com esses custos, considerando que recebeu a ferrovia como um ativo público. “A União Federal tem instrumentos para fazer a Rumo investir os R$ 100 milhões. É muito dinheiro, mas, perto do que se gasta em ferrovias, é relativamente baixo, considerando que o setor ferroviário é um modal logístico bilionário”, disse o vice-governador.
A falta de um diagnóstico claro sobre os danos à infraestrutura ferroviária é uma preocupação. “A Rumo ainda não apresentou um diagnóstico sobre os danos na malha. Quando se administra um ativo público, há uma obrigação com a sociedade”, afirmou Souza. A concessão da Rumo Logística expira em 2027, e o governo estadual já participa das discussões federais sobre o futuro da malha ferroviária, com foco na modernização da infraestrutura.
Com a bitola métrica da ferrovia gaúcha limitando a velocidade dos trens, o governo defende que a modernização do traçado, com a adoção de bitola larga, permitirá maior competitividade com o transporte rodoviário. Para Gabriel Souza, a questão é urgente: “Está na hora de fazer uma série de investimentos. Precisamos de uma modelagem atrativa para tornar a ferrovia mais competitiva, e isso pode exigir subsídios públicos para amortizar o custo bilionário.”
Além disso, a falta de investimentos ao longo dos anos resultou no sucateamento da malha, e Souza enfatizou a necessidade de maior fiscalização. “Temos um acúmulo de ausência de investimentos de décadas no Rio Grande do Sul. É um descaso e desrespeito da Rumo conosco. A falta de transparência é preocupante”, finalizou o vice-governador.