Por que a prevenção é tão crucial para manter a saúde cardiovascular?
Na cardiologia, a prevenção é fundamental. Não apenas é possível, mas altamente recomendável adotar uma abordagem preventiva para a saúde do coração. Como costumo dizer: “É muito mais fácil prevenir um incêndio do que apagá-lo.” É claro que, em situações de emergência, como um infarto ou um AVC em curso, a intervenção hospitalar imediata é crucial. No entanto, meu objetivo é evitar que meus pacientes cheguem a esse ponto. Acredito que, por meio da conscientização e da adoção de hábitos saudáveis, podemos reduzir significativamente o impacto dessas doenças. A prevenção é a chave para uma vida longa e com qualidade.
Quais são os principais fatores que influenciam a ocorrência de infartos e mortes precoces? Como os hábitos de vida impactam a saúde cardiovascular?
A genética, os hábitos de vida, o ambiente e a regularidade na prevenção e no acompanhamento médico são fatores determinantes. Dentre eles, os hábitos de vida são os mais influentes. Alimentação equilibrada, qualidade do sono, controle da pressão arterial e do colesterol, manutenção do peso adequado e a eliminação do consumo de álcool e tabaco são pilares fundamentais para a saúde cardiovascular. Além disso, a prática regular de atividades físicas, o controle do estresse e a construção de bons relacionamentos sociais também desempenham papéis cruciais na proteção do coração.
O infarto e o Acidente Vascular Cerebral costumam apresentar sintomas?
Sim, tanto o infarto quanto o AVC podem apresentar sinais, mas nem sempre são evidentes. Muitas pessoas, mesmo sem sintomas, podem ter fatores de risco e obstruções arteriais. Indivíduos com histórico de vida desregrada e sem acompanhamento médico podem acumular obstruções por 20 anos ou mais. Um pico súbito de pressão arterial pode bloquear a circulação, sem tempo para buscar ajuda. Infelizmente, muitas vítimas de infarto não chegam ao hospital, perdendo a chance de tratamento.
Por fim, como você escolheu essa especialização?
Minha trajetória na cardiologia foi profundamente influenciada pelo meu avô, que enfrentou duas cirurgias de ponte de safena e um aneurisma de aorta abdominal, um procedimento bastante complexo para a época. Essas experiências despertaram meu interesse pela área, e durante a faculdade, os pacientes cardiológicos sempre chamavam minha atenção em conversas, exames e discussões de casos. Acredito que é fundamental entender o que motiva cada pessoa a querer viver mais e melhor. Hoje, como cardiologista, priorizo o atendimento humanizado. Ao conversar com meus pacientes, busco compreender suas motivações e anseios, pois isso me permite oferecer um cuidado mais completo e eficaz, proporcionando-lhes a qualidade de vida que almejam.