Rafael Mallmann anunciou a saída da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano do RS na sexta-feira, 21 por meio de redes sociais. No comando da pasta desde abril de 2022, o ex-prefeito de Estrela (2013-2020) esteve à frente de programas de infraestrutura e mobilidade. A decisão, segundo ele, foi tomada por razões políticas e pessoais, sem relação com a Operação Rêmora, da Polícia Federal, que o teve como um dos alvos.
Mallmann destacou que a decisão já vinha sendo amadurecida e afirmou que a principal razão é que não disputará uma vaga na Assembleia Legislativa em 2026. “O espaço que ocupava era gigante, e não poderia trancar o partido neste momento”, justificou. Segundo ele, sua permanência poderia prejudicar articulações do União Brasil, legenda a qual é filiado.
Além do contexto político, mencionou a necessidade de estar mais presente na rotina familiar. Casado com Carine Schwingel, prefeita de Estrela, citou a responsabilidade dela na gestão municipal e o momento das filhas, de cinco e 10 anos. “Este é um momento complexo, e é fundamental que eu esteja presente para que a gente possa fazer um grande governo em Estrela também”, afirmou.
Sobre uma possível função na administração municipal, descartou qualquer possibilidade. “Não faria sombra para Carine. Sempre tratamos tudo em conjunto, e ela também sempre me auxiliou”, declarou.
Investigação
O ex-secretário foi um dos alvos da segunda fase da Operação Rêmora, deflagrada pela Polícia Federal em dezembro. A investigação apura um suposto esquema de corrupção na compra de lousas interativas pela prefeitura de São Leopoldo. À época, Mallmann era assessor jurídico do consórcio que realizou a ata de registro de preços para a aquisição.
Ele negou que a decisão de deixar o cargo tenha sido motivada pelo caso. “Governador não colocou pressão, senão teria me exonerado quando saiu minha situação. Está plenamente justificado. Já encaminhei à polícia, tudo esclarecido. Foi uma atuação minha como advogado e não como gestor de órgão público, muito tranquilo e justificado”, afirmou. Também rebateu suspeitas sobre seu envolvimento. “Agora, meu pecado é ser amigo de alguém que está envolvido”, disse.
Futuro na política
Mesmo fora do governo, Mallmann pretende seguir atuando na articulação política do Vale do Taquari. “A política está no nosso sangue e não vamos parar com isso”, declarou.
Sobre o União Brasil, mencionou a possibilidade de o ex-prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, disputar uma vaga na Assembleia Legislativa. “Seria uma honra tê-lo como candidato pelo partido. Ele tem uma reeleição muito bem encaminhada, e vejo que dentro do União Brasil teria boas condições”, avaliou.
Mallmann também destacou a dificuldade da região em eleger representantes para a Assembleia. “Só o Vale do Taquari não elege ninguém. Todos os partidos têm entrada, construção, caminhada. Isso acaba diluindo os votos”, afirmou. Para ele, é fundamental que o setor empresarial e lideranças associativas abracem candidaturas viáveis.
Concessão de rodovias
O ex-secretário se posicionou contra os movimentos que criticam a concessão do Bloco 2 das rodovias estaduais. Para ele, a falta de investimentos privados pode comprometer a logística regional e travar o desenvolvimento econômico.
“Antes do governo Eduardo, o Daer investia R$ 300 milhões para todo o estado. Hoje, depois do ajuste fiscal, são R$ 1 bilhão. Com a concessão, estão previstos R$ 7 bilhões em investimentos ao longo de 35 anos”, afirmou. Mallmann alertou para os impactos da falta de investimentos, especialmente em municípios como Arroio do Meio e Encantado. “A ERS vai colapsar logo. Quem é contra a concessão está pensando apenas no interesse político e não no Vale do Taquari”, declarou.
O governo estadual ainda não definiu o substituto de Mallmann na Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano. A decisão deve ser tomada após o retorno do governador Eduardo Leite, que está em viagem oficial aos Países Baixos até o dia 26 de fevereiro.