Há cerca de cinco meses, Valdilene Carla da Silva, 36, reside no bairro Jardim Botânico. Para chegar ao seu local de trabalho, precisa fazer uma perigosa travessia pela ERS-130. E foi neste trecho que sua filha e um sobrinho foram atropelados na tarde de quarta-feira, 19. Acidente que evidencia os riscos aos pedestres no local e reforça demandas por maior segurança no local.
A menina, de 13 anos, e o menino, de 8, tinham como destino uma creche no bairro Moinhos, onde buscariam a outra filha de Valdilene, que trabalhava no momento do acidente. O socorro chegou rápido ao local e as crianças foram encaminhadas para o Hospital Bruno Born. Apesar das fraturas e do susto, os dois estão em estado estável e podem receber alta até o fim desta semana.
“A minha filha quebrou fêmur e a bacia, e o sobrinho teve fratura na bacia. Eles passaram por cirurgia. Estive lá no hospital e agora estão bem. Mas está cada vez mais perigoso atravessar ali. O fluxo de veículos é muito grande. Eu chego a esperar até 10, 15 minutos para concluir a travessia nos horários de pico”, relata.
Nos últimos meses, Valdilene diz ter “visto de tudo” nos deslocamentos até o trabalho e cita a construção de uma passarela como a melhor alternativa, em virtude do grande fluxo de crianças e trabalhadores no local. “Tem escola ali perto, indústrias grandes. Precisam tomar alguma providência, pois o mesmo que aconteceu com eles pode ocorrer com qualquer pessoa.”
Pedido antigo
Horas antes do acidente, uma reunião no gabinete da prefeita Gláucia Schumacher teve como tema a possibilidade de construção de uma passarela na ERS-130. A reivindicação foi levada pelo vereador Eder Spohr (MDB), que havia chamado atenção para os riscos crescentes aos pedestres em pronunciamento na sessão da câmara dessa terça-feira, 18.
“Eu tinha acabado de chegar em casa quando soube do fato e fui até o local. Fiquei muito abalado. É algo que a gente já imaginava que poderia ocorrer”, comenta o parlamentar. Segundo ele, os pedidos por uma passarela no local são feitos desde 2022, quando o governo iniciou a ampliação da rodovia, com a construção de vias laterais e da trincheira.
Spohr lembra que, com a reformulação do trecho, agora são seis pistas, o que dificulta e torna ainda mais perigosa a travessia. “São seis fluxos de direções diferentes. E muitas vezes com chuva. É uma tragédia anunciada. Vou ao Ministério Público falar com o promotor. Se o Estado não fizer, que o município faça a obra.”
Outro trecho
Em vias de ser concedida – dentro do Bloco 2 do plano de concessões – a ERS-130 deve receber uma passarela no trecho de Lajeado. Contudo, o dispositivo está previsto para ser instalado em outro ponto, nas imediações do acesso à Estação Rodoviária.
Por isso, o governo municipal busca novas soluções. A prefeita Gláucia Schumacher afirmou que o município pleiteia, junto ao governo do Estado, o deslocamento da estrutura para as imediações da BRF.
“É uma prioridade, pois é nesse ponto onde temos um maior fluxo de pedestres. Vamos lutar pela passarela neste local”, garante. Por não se tratar de uma obra que exige grande investimento, acredita que o Estado acatará a mudança.
Alternativa
Outro movimento parte do Departamento de Trânsito de Lajeado, que solicitou ao Comando Rodoviário da Brigada Militar informações sobre acidentes no local. A ideia, conforme o coordenador do setor, Vinicius Renner, é que o município possa intervir de alguma forma no sentido de minimizar os riscos no trecho.
“Mesmo que seja em trecho de rodovia, são pessoas daqui, que estão cruzando a via diariamente. Nos interessa entender o que houve para ver de que forma podemos ajudar”, salienta.
ENTENDA
- O acidente ocorreu na tarde de quarta-feira, 19, quando duas crianças foram atropeladas por um veículo ao tentarem atravessar a ERS-130, próximo da BRF, em Lajeado;
- As vítimas são primos: uma menina de 13 anos e um menino de 8, que residem no bairro Jardim Botânico. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e prestou os primeiros socorros no local;
- O trânsito ficou parado no sentido Lajeado-Cruzeiro do Sul por cerca de 30 minutos e após voltou a fluir lentamente. O acidente reforçou o alerta sobre os riscos no trânsito e a necessidade de atenção redobrada em trechos movimentados como o da ERS-130