Uma das siglas mais tradicionais do país vive sua maior crise. O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), responsável por governar o país entre 1995 e 2002, avalia caminhos para a sobrevivência. Fusão ou incorporação a outros partidos estão entre as possibilidades, bem como a formação de uma nova federação.
Fundado em 1988, o PSDB surgiu a partir de uma cisão do antigo PMDB, que governava o país à época com o ex-presidente José Sarney. Nomes como Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Mário Covas estavam entre os idealizadores do movimento.
Em meio ao futuro incerto, líderes e militantes da agremiação em âmbito regional aguardam as movimentações nacionais. Com mais de 5,7 mil filiados, o PSDB é, hoje, o quarto maior do Vale. Fica atrás apenas de MDB, PP e PDT. Embora não tenha representação em todas as cidades, mantém estrutura com diretórios e comissões provisórias na maior parte da região.
No pleito de 2024, em federação com o Cidadania (antigo PPS), o PSDB teve altos e baixos no Vale. Nas disputas majoritárias, encolheu de tamanho ao eleger apenas um prefeito – Jonas Calvi, em Encantado –, mas viu sua bancada crescer nos parlamentos, passando de 22 para 34 vereadores.
A força regional tucana tem relação com o contexto estadual, visto que o PSDB governa o RS pelo segundo mandato consecutivo, com Eduardo Leite. O atual gestor gaúcho tenta viabilizar uma candidatura a presidente em 2026, mas a indefinição sobre o partido é vista como um entrave.
Processo demorado
Em meio às especulações no país, nos municípios os agentes partidários esperam por avanços nas conversas com outros partidos para definir o futuro do PSDB. Presidente do diretório municipal em Lajeado, Carlos Reckziegel lembra que a sigla enfrenta diferentes realidades dentro do país, mas reconhece a diminuição de tamanho do partido.
“Nós temos consciência disso. Então ficamos acompanhando o processo daqui. Por ora, nada muda. Pelo que estamos vendo, não será uma decisão rápida. E, assim que tiver, nós aqui em nível municipal vamos tomar também as nossas decisões. Mas acho que ainda é prematuro dizer como vai ser [fusão ou incorporação]”, opina.
Para Reckziegel, o partido tem demorado para tomar decisões em nível nacional, o que deixa militantes apreensivos quanto ao futuro. “Entendo que precisam decidir o quanto antes, até porque ano que vem temos eleições novamente. São coisas que não podem ficar apenas no campo especulativo.”
Afinidades
Um dos partidos com quem o PSDB discute uma possível união é o MDB, uma das siglas mais tradicionais do país. No Vale, é a maior em número de filiados. Para o coordenador regional, Fabrício Renner, a incorporação seria positiva, em virtude de ambos estarem num mesmo campo de atuação.
“O PSDB tem uma linha ideológica muito próxima ao MDB, mais ao Centro. Então, vamos aguardar os desdobramentos. E, se isso ocorrer, com certeza vai ser trabalhada essa unificação, transição. Não temos nenhuma objeção a isso, mas o caso tem que ser tratado a partir do momento em que se torna concreto”, frisa.
Além do MDB, há tratativas de uma possível incorporação ao PSD, partido que mais elegeu prefeitos no país em 2024. Podemos, Republicanos e Solidariedade também já foram mencionados em conversas.
O PSDB no Vale
- 5.732 filiados
Dados de julho de 2024 - 994 filiados em Lajeado
Terceiro partido com maior número de filiados na cidade - 1 prefeito
Jonas Calvi, em Encantado - 2 vice-prefeitos
Fabiano Acadrolli, em Imigrante, e Henrique Pivatto, em Roca Sales - 34 vereadores
Eleitos em federação com o Cidadania. Maior bancada (4) está em Encantado.