Áreas de lazer de Lajeado equivalem a 118 campos de futebol

MEIO AMBIENTE

Áreas de lazer de Lajeado equivalem a 118 campos de futebol

Praças e parques ocupam menos de 1% do território do município

Áreas de lazer de Lajeado equivalem a 118 campos de futebol
Equipamentos para brincadeiras e à pratica esportiva e locais para descanso à sombra são importantes para atrair os frequentadores. (Foto: LUCIANE FERREIRA)
Lajeado

Acomunidade de Lajeado tem à disposição 49 praças e 13 parques, totalizando uma área equivalente a 118 campos do futebol, o que representa menos de 1% do território do município.

De acordo dados da Secretaria do Planejamento, Urbanismo e Mobilidade (Seplan), são 843.948 m² para uma população estimada em 96.651 habitantes. O índice de 8,73 m² per capita está abaixo dos 12 m², mínimo recomentado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). E muito aquém de Curitiba, considerada cidade verde. Na capital paranaense, os 44 parques e bosques em diversas regiões da cidade resultam em mais de 60 m² de área verde por habitante.

Em Lajeado, dos 28 bairros, conforme informações da Seplan, Imigrante e Floresta não têm praça nem parque. E o Planalto conta apenas com o Parque Natalino Ferreira de Andrade. No levantamento, não estão os espaços institucionais nos loteamentos que podem receber obras de infraestrutura de lazer, nem as chamadas áreas verdes de preservação.

Para o arquiteto, mestre em Planejamento Urbano, Augusto Alves, a quantidade de praças e parques e o tamanho deles por si só não são um problema. Entretanto, considera a distribuição um fator importante.

Alves observa que as pracinhas deveriam ficar próximas das pessoas, para cumprir a função de lazer, de ponto de encontro e de local de passeio sem um trajeto longo de deslocamento. “Uma família com bebê no carrinho ou os idosos, por exemplo, não poderiam andar mais de três quarteirões para poder acessar uma praça. Já temos calçadas ruins.” Neste sentido, destaca, uma praça por bairro é pouco. Este o caso de 11 bairros, entre eles o Moinhos D’Água, o Santo Antônio, o Morro 25, o Igreijnha, o Nações e o Centenário. As condições destes locais também influenciam. Equipamentos em boas condições, sombra de árvores e bancos são essenciais.

Equipamentos comunitários

Augusto Alves, Mestre em Planejamento Urbano

Conforme a legislação vigente, os loteadores devem destinar ao município 15% da área para equipamentos comunitários, como escolas, postos de saúde, praças e playground. “Ocorre que muitas vezes a área doada é entregue sem equipamentos, sem paisagismo, e a prefeitura não dá conta de fazer”, comenta Alves. O lugar sem tratamento se transforma em um terreno baldio. “É importante que tenha árvores, grama, espaço sem pavimentação, e claro, com equipamentos esportivos, canchas, brinquedos, bancos, caso contrário, as pessoas não conseguem utilizar.”

Parques

Na opinião do mestre em Planejamento Urbano, Augusto Alves, Lajeado tem bons parques. Embora os principais estejam na área central, estão bem localizados e oferecem diversos atrativos aos frequentadores. Ele destaca o parque linear, com espaços para prática esportiva, o Ney Santos Arruda e o Professor Theobaldo Dick. “O bairro Conventos poderia ter um parque para atender a população daquela região”, sugere.

Cidades que são exemplo

O Educame perguntou ao arquiteto Augusto Alves quais as cidades que ele considera bons exemplos na oferta de ambientes de lazer e convivência.

Fora do Vale: Curitiba
Graças à sua política ambiental, Curitiba é considerada cidade verde de qualidade urbanística. O conceito avalia a qualidade de vida nas cidades, considerando aspectos físicos, sociais e ambientais.

No Vale: Colinas
Conhecida como Cidade Jardim, tem pequenas praças arborizadas e ajardinadas. Um exemplo é a Praça dos Pássaros, pequena, bem cuidada e acolhedora.

Ambiente favorável à socialização e à saúde mental

Frequentar espaços ao ar livre, conversar com as pessoas podem auxiliar na saúde mental. De acordo com a psicóloga Patricia Heberle, praças e parques são ambientes favoráveis à socialização, prática importante do ponto de vista da saúde mental. “A socialização começa em casa, pelos nossos pares, e passa por ambientes como estes.”

No caso das crianças, pracinhas com brinquedos em boas condições, com estrutura adequada, bancos e sombra estimulam a socialização, observa Patrícia. Os idosos também usufruem destes locais, porque oferecem tranquilidade e ambiente adequado para tomar chimarrão, conversar e caminhar. “Toda socialização passa pelo convívio e esta é uma das questões que a gente nunca vai conseguir substituir. Tecnologia nenhuma substitui o nosso convívio social, a nossa socialização necessita de outras pessoas.”

Diagnóstico vai definir a criação novos espaços de lazer

A mudança estrutural administrativa proposta pela nova gestão do município atribuiu à Secretaria de Serviços Urbanos assegurar a manutenção e a conservação de praças, academias de saúde ao ar livre, jardins, parques e ginásios. Atualmente, Lajeado dispõe de diversos espaços de lazer, incluindo parques, praças e áreas menores destinadas ao convívio da comunidade.

“Um dos objetivos da secretaria é aprimorar e revitalizar esses locais já existentes, uma vez que Lajeado possui mais de 100 áreas que necessitam de cuidados contínuos e manutenção adequada, destaca a prefeita Gláucia Schumacher.

Paralelamente, com base em um diagnóstico detalhado, a Administração planeja desenvolver novos espaços de lazer no futuro. “Essa iniciativa é fundamental diante do crescimento da cidade, pois a criação e a melhoria de áreas de convivência e lazer são essenciais para atender às demandas da população e promover mais qualidade de vida para todos.”

“Esta vibe de natureza acalma as crianças”

Dioneia e a família moram no bairro Conventos. Sempre que podem, vão passear no Parque dos Dick. (FOTOS: LUCIANE ESCHBERGER FERREIRA)

Moradora do bairro Conventos, Dioneia Chaves costuma se refugiar do calor no Parque Professor Theobaldo Dick. “Em Conventos, não tem parque com árvores e sombra. Lá tem academias ao ar livre, no sol.” Ela e a filha Mirela, de 1 ano e dois meses, passeavam numa tarde ensolarada – marcava mais de 30 graus – à beira do laguinho do Parque dos Dick. Aguardavam o pai Guto e mana Isabela, 5, que haviam saído para buscar açaí. A família faria um piquenique. “Gosto de vir aqui, sempre tem um ventinho. E esta vibe de natureza acalma as crianças.”

Na mesma tarde, Marilaine de Souza estava com a neta Maria Clarissa, 1 ano e cinco meses, no Parque do Engenho. “Moro aqui perto. Viemos muito aqui e na Praça do Papai Noel.” Para Marilaine, a sombra das árvores, a grande quantidade de pássaros, a natureza, os bancos para descansar deixam o local muito atrativo para passear com a netinha. “Ela adora os patos”, conta a avó. Outro ponto positivo é a segurança. Segundo ela, com frequência passam os policiais militares de moto.

Marilaine costuma frequentar o Parque do Engenho com a netinha Maria Clarissa. (

 

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