Como você chegou a essa profissão? O que te motivou a escolher?
O meu pai também é gari em Teutônia. Um dia, ele comentou que talvez eu me identificasse com a função, de trabalhar ao ar livre, conhecendo pessoas. A função é bem parecida com o que eu imaginava, antes de começar, porque já havia observado o trabalho de longe.
Minha família reagiu de forma muito positiva quando soube que seria gari, pois sempre fui muito esforçada. Então, eles sabiam que eu ia conseguir e me apoiaram bastante. Quando comentei com minha mãe, ela disse “caminhão do lixo não é lugar de mulher”, e no outro dia eu cheguei e disse que tinha aceitado o emprego, então ela sorriu e me apoiou. Já estou há oito meses na profissão.
Você já sofreu preconceito ou ouviu comentários por ser mulher e trabalhar como gari?
Na verdade, recebo bastante elogios na rua quando estou trabalhando, mas sim, às vezes a gente ouve alguns comentários, mas não me deixo abater. Acredito que as pessoas que me julgam não sabem como funciona o serviço, por isso fico tranquila. Gosto da minha profissão, então não me agregam em nada esses comentários maldosos. Como mulher, consigo realizar as mesmas funções de um homem. No momento, sou gari, mas, no futuro, pretendo tirar minha CNH para dirigir o caminhão do lixo. Pretendo continuar nessa profissão.
Qual é a melhor e a pior parte do seu trabalho?
O sol é bem complicado, mas os vidros são um problema maior, porque geralmente são colocados soltos em sacolas – sem identificação – e largados na lixeira, junto com os outros lixos, causando facilmente um acidente. Já cheguei a me machucar algumas vezes. Em relação ao chorume, já me acostumei, mas sempre com bastante cuidado. E a melhor parte é trabalhar ao ar livre. Uma das melhores coisas que a profissão já me proporcionou foi ter conhecido meu namorado, que também trabalha no caminhão. E acho que o uniforme poderia ser um pouco mais confortável.
Como foi a recepção dos seus colegas no início do serviço?
Foi ótima. Eles me trataram e tratam com respeito e me ajudam muito. Nessa função, há outras mulheres na empresa também, só não na mesma cidade.
As coisas que as pessoas mais se surpreendem quando descobrem que sou gari é se não é puxado para mim, pois exige bastante esforço e força de vontade. E também por eu ser uma menina bem nova nessa profissão.