O Brasil vive um momento de desafios na economia, o que, convenhamos, não é nenhuma novidade. Nosso país é marcado por ciclos de expansão e retração que se alternam constantemente. Para quem quer se manter no jogo, é essencial entender essa dinâmica.
As variáveis externas desempenham um papel relevante nesse cenário. Os economistas adoram usá-las para analisar resultados, e com razão: fatores como o comércio internacional, crises e oscilações nos preços impactam fortemente os negócios locais. No entanto, os desafios não vêm apenas do exterior. Internamente, os governos, com sua inclinação intervencionista afetam diretamente o dia a dia das empresas e das pessoas.
Os reflexos dessa combinação são evidentes: aumento do custo do dinheiro (juros elevados), instabilidade cambial (oscilações do dólar), impacto nos preços das matérias-primas (elevação dos custos) e uma economia indexada, onde a inflação corrói o poder de compra. Diante desse cenário, o jogo dos negócios se torna cada vez mais voltado para ajustes e eficiência.
A primeira reação natural diante de um momento difícil é cortar despesas para preservar o caixa. Essa é, sem dúvida, uma medida necessária, mas é preciso cautela para não comprometer a “comida e a água” do negócio, ou seja, os recursos essenciais para sua sobrevivência e crescimento. Um corte excessivo pode fragilizar a estrutura da empresa, tornando-a incapaz de reagir quando a maré virar.
Por outro lado, há um lado positivo nesse ambiente desafiador. Quem tem uma boa gestão de caixa e liquidez própria pode enxergar oportunidades únicas. Afinal, é na baixa que se compram os melhores ativos. A expressão popular “um olho no peixe e outro no gato” nunca foi tão pertinente: enquanto se faz a gestão rigorosa das finanças, é preciso manter a atenção voltada para as oportunidades que o mercado oferece.
Não é por acaso que o Brasil não sofre uma fuga em massa de investimentos. Apesar dos riscos dos ciclos econômicos, as oportunidades compensam para aqueles que sabem jogar o jogo. Quem se prepara e aprende a surfar tanto nas ondas favoráveis quanto nas correntes adversas, consegue aproveitar as diversas oportunidades que surgem nesse verdadeiro “oceano azul”.
Essa capacidade de adaptação e visão estratégica faz do Brasil um campo de treinamento para executivos de grandes corporações. Não é raro que os CEOs de empresas estrangeiras passem pelo Brasil antes de assumirem altos postos em suas matrizes. Se conseguirem ter sucesso aqui eles rapidamente ascendem a posições estratégicas no cenário global.
Portanto, não há outra alternativa senão seguir em frente e encarar a realidade do mercado brasileiro. Para as gerações mais experientes, essa dinâmica já é conhecida. Para os mais jovens, a melhor recomendação é aprender com aqueles que já viveram diferentes ciclos econômicos. Uma boa dica: converse com os “prateados.”