O mês de fevereiro começou difícil para a vida de nós transportadores de todo país. Além do já previsto aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que encareceu o preço do óleo diesel em R$ 0,06 por litro, a Petrobras anunciou um aumento de R$ 0,22 por litro do diesel no preço para as refinarias. Esses valores já começaram a ser sentidos nos postos de todo país e devem seguir impactando o preço final dos combustíveis ao longo das próximas semanas.
Diante desses aumentos, o nosso setor de Transporte Rodoviário de Cargas, responsável por movimentar mais de 65% de tudo aquilo que é produzido, se vê obrigado a repassar esses custos e, segundo Lauro Valdivia, assessor técnico da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), esse aumento encarecerá o frete entre 2% a 2,5%.
Enquanto transportador, enxergo que essa é uma ocasião insustentável para o consumidor brasileiro, visto que já estamos vivendo uma alta considerável no preço dos produtos da cesta básica e com essas subidas no frete, que correspondem a cerca de 35% do valor final do produto, a tendência é que os preços praticados nos mercados, farmácias, shoppings e comércios sejam ainda mais elevados.
Para termos uma ideia, fiz algumas pesquisas e encontrei um levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que relatou que a cesta de alimentos básicos ficou 14,22% mais cara em 2024 e itens como café torrado (+39,6%) óleo de soja (+29,22%), leite longa vida (+18,83%) e arroz (+8,24%) foram os mais afetados nos últimos 12 meses.
Além disso, as proteínas de origem animal também registraram aumento significativo nos últimos 12 meses. A carne bovina teve seu valor encarecido em 22,65%, enquanto o pernil suíno avançou 20,5% e o frango congelado 8,26%. Segundo os especialistas das pesquisas que realizei, esses aumentos são causados por efeitos da defasagem do câmbio, aumento das exportações e alta demanda no mercado interno.
Somando esses aumentos desde 2024 com o crescimento do valor do ICMS e o mais recente anúncio da Petrobras de encarecer o valor do diesel nas refinarias, o valor dos produtos não apenas da cesta básica dos brasileiros, mas de grande parte de tudo aquilo que consumimos, deve ficar ainda mais caro.
Então, eu pergunto, onde vamos parar diante deste cenário? Somos um país enorme, com uma força de trabalho invejável e uma variedade produtiva realmente extensa. Por que continuamos a sofrer tanto com variações de preços internacionais e seguimos com uma economia tão irregular?
O Brasil precisa urgentemente fortalecer sua economia, se abrir para o capital estrangeiro e, principalmente, diminuir a burocracia e os grandes impostos que são cobrados sobre todos os produtos e serviços que são oferecidos à população. Realmente, não vejo outro caminho para que o país prospere e entendo que existem bons exemplos a serem seguidos para atingirmos esses objetivos, basta direcionar a visão e criar um plano de ação correto para tudo isso.