Preço do ovo dispara nos EUA e abre oportunidade para exportação gaúcha

MERCADO INTERNACIONAL

Preço do ovo dispara nos EUA e abre oportunidade para exportação gaúcha

Surto de gripe aviária no país levou ao sacrifício de 100 milhões de aves poedeiras. Com escassez de produtos, cadeia produtiva do RS se posiciona como potencial mercado para venda aos americanos

Preço do ovo dispara nos EUA e abre oportunidade para exportação gaúcha
Produção gaúcha por ano chega a 3,5 bilhões de unidades de ovos. Entre 60 e 70% vão para o consumo interno brasileiro. (Foto: Arquivo A Hora)
Estado

A crise dos ovos nos Estados Unidos, causada por um surto de gripe aviária que já atingiu mais de 153 milhões de aves em todos os 50 estados do país, abriu uma janela de oportunidades para exportadores brasileiros, incluindo o Rio Grande do Sul. No entanto, o setor avícola gaúcho mantém cautela, destacando a necessidade de garantir o abastecimento interno e a sustentabilidade da produção.

O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, destaca que o setor se prepara para atender a uma possível demanda, mas ressalta a importância de manter o equilíbrio. “Se faltar ovos nos EUA e o RS for chamado para abastecer, com certeza teremos essa oportunidade. Mas precisamos agir com responsabilidade, pois o mercado interno é prioritário”, afirma.

O Rio Grande do Sul, segundo maior exportador de ovos do Brasil, surge como uma alternativa para o mercado norte-americano. Em 2023, o estado exportou 6,5 mil toneladas de ovos, destinados principalmente à África do Sul, Oriente Médio, México e Mercosul. Com a crise nos EUA, o RS pode se tornar um fornecedor estratégico e temporário.

“Essa situação nos Estados Unidos é passageira, pois se trata de uma das maiores cadeias produtivas do mundo. Ao mesmo tempo, também são um grande consumidor. Podemos atender, mas acredito que não será por muito tempo”, avalia o presidente da Asgav.

De acordo com ele, a produção de ovos no RS é emergente e promissora, com estimativa de 3,5 bilhões de unidades por ano. Desse total, cerca de 60% a 70% são consumidos no mercado interno, seja para alimentação ou mesmo à indústria (massas, biscoitos, pães). O restante é para a exportação.

A crise sanitária nos EUA começou em 2022, levou ao sacrifício de mais de 100 milhões de galinhas poedeiras. Como resultado, a escassez de ovos no mercado e uma disparada nos preços.

Para se ter uma ideia, a dúzia que custava em média US$ 1,93 em 2021, chegou a US$ 7,34 nesta semana, um aumento de quase 300%. A inflação dos ovos no país foi de 65% em 2023, enquanto a inflação geral dos alimentos ficou em 2,5%.

Desafios e planejamento

A cadeia produtiva de ovos e mesmo de frango de corte ainda está fragilizada no RS. Conforme Santos, o setor ainda enfrenta desafios decorrentes das enchentes de 2023 e do ano passado, que afetaram a logística e a produção.

Além disso, o surto de Newcastle em 2022 impactou as exportações. Entre os mercados mais compradores, está o Chile, que mantém embargo aos produtos gaúchos devido ao episódio em Anta Gorda.

Em julho do ano passado, foi constatado o contágio em uma granja com 14 mil animais. Sete mil morreram. Foram feitos testes em 12 amostras, apenas uma deu positivo para a doença de Newcastle. As demais aves foram sacrificadas e o aviário passou por desinfecção. Depois disso, não houve mais registro de infecções no RS.

Entenda o caso

A gripe aviária nos EUA causou escassez de ovos e disparada nos preços, com a dúzia chegando a US$ 7,34.

O Rio Grande do Sul, segundo maior exportador de ovos do Brasil, surge como alternativa para o mercado norte-americano.

O setor gaúcho mantém cautela, priorizando o abastecimento interno e o planejamento sustentável.

A produção de ovos no RS é emergente, com estimativa de 3,5 bilhões de unidades por ano e potencial para crescimento.

Números

  • O RS exportou 6,5 mil toneladas de ovos em 2023. Principais mercados: África do Sul, Oriente Médio, México e Mercosul.
  • Cerca de 60% a 70% da produção é consumida no mercado interno.
  • O setor enfrenta desafios como os impactos das enchentes de 2023 e do ano passado, além do embargo do Chile devido ao surto de Newcastle.

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