Cercadas por tapumes ou pela própria vegetação, cinco escolas estaduais do Vale do Taquari permanecem de portas fechadas desde a enchente histórica de maio de 2024. Com promessas de reformas ou construção de novas estruturas em áreas não alagáveis, as instituições se adaptam para receber os estudantes neste ano letivo, enquanto esperam pelo retorno às sedes originais.
Na lista de instituições que aguardam um destino, está a Escola Estadual Presidente Castelo Branco (Castelinho), de Lajeado, a Escola Estadual Fernandes Vieira, também de Lajeado, a Escola Estadual Moinhos, de Estrela, a Escola Estadual Padre Fernando, de Roca Sales, e a Escola Estadual Antônio de Conto, de Encantado.
Segundo a coordenadora da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (Cre), Greicy Weschenfelder, há planos para o futuro de todos os educandários. Entre as escolas que permanecem no mesmo local, está o Castelinho, que já está em obras, e a Fernandes Vieira, que teve pedido de reforma aprovado pelo Estado.
Reforma aprovada
Fechada desde a enchente de maio, depois de já ter sido atingida em setembro de 2023, a Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Fernandes Vieira ainda não tem previsão para voltar à sede própria.
Tratativas desde as cheias avaliavam uma possível reforma ou a construção de uma nova instituição em outro terreno. No início deste ano, as obras de reforma foram aprovadas. Mesmo assim, o tempo necessário para o trabalho obriga a escola a se adaptar.
Os 152 estudantes iniciam o ano letivo em salas da EEEF Moisés Cândido Veloso, no bairro Hidráulica. No ano passado, algumas das turmas estavam na EEEF Irmã Branca, e a Educação de Jovens e Adultos (Eja), na Escola Estadual de Educação Básica Érico Veríssimo, onde permanece ainda este ano, no período noturno.
Diretora da escola, Carma Spiekermann Marder afirma que a espera pela reforma da escola é trabalhada com os alunos, por meio de um projeto pedagógico.
Primeira obra
Também de Lajeado, o Castelinho é a única escola estadual da região que já tem obras iniciadas para a reconstrução. Desde o ano passado, os 250 estudantes possuem aulas na Univates, e a expectativa é que voltem ao prédio original da instituição em agosto.
A obra ficou parada por dois meses, mas foi retomada. Até o momento, a estrutura recebeu limpeza, retirada do piso de madeira existente e iniciada a pintura. O pátio e a quadra também foram recuperados, conforme destaca a diretora, Evenize da Costa Pires.
Tratativas
Outra instituição fechada desde as cheias é a Escola Estadual de Educação Básica Padre Fernando, de Roca Sales. Os 203 alunos estudam, hoje, no prédio alugado da Paróquia São José, na cidade, nos turnos da manhã, tarde e noite.
A vice-diretora, Mircéia Colossi Flores Dalpubel, destaca que a 3ª Cre e a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), junto com a administração municipal e a Secretaria de Educação de Roca Sales, discutem alternativas para a construção de um novo espaço, em uma área não alagável.
Segundo a vice-diretora, a incerteza deixa a comunidade escolar angustiada. Ela reforça que no local onde as aulas funcionam hoje, há pouco espaço para atividades físicas, e não há privacidade para o atendimento ao público.
Apoio comunitário
Na EEEF Antônio De Conto, no Bairro Jacarezinho, em Encantado, os 148 estudantes possuem aulas em salas da Faterco. Segundo a diretora, Ilaci Pedersini Dalla Vecchia, após a última inundação, o Governo do Estado decidiu não investir mais na sede original da instituição. Surgiu, então, a proposta do município de Encantado adquirir um terreno e o Estado construir a escola, em local seguro.
A comunidade organizou uma comissão para pleitear uma propriedade adequada. O objetivo é adquirir uma área em que possa ser construída, além da escola, o posto de saúde e outras repartições públicas. “Esse período de incertezas não é agradável para ninguém. Requer a superação de muitos desafios.”
Mudança
Em setembro de 2023 foi a primeira vez que a EEEF Moinhos, de Estrela, foi atingida pelas cheias, e, em novembro de 2023 e maio de 2024, a água também invadiu a estrutura.
A diretora, Beatriz Reckziegel, conta que, desde a inundação, a escola está fechada e o bairro deserto. Neste ano letivo, os estudantes são acolhidos na Escola Estadual de Educação Básica Vidal de Negreiros. Desde o ano passado, no entanto, o número de estudantes reduziu para 160. Segundo a diretora, não há condições para reformar a escola no mesmo local. Beatriz percebe que a maioria das famílias passou a morar no bairro Nova Morada, e a ideia é que o novo educandário possa ser construído em terreno no local.
Segundo informações da 3ª Cre, a coordenadoria conversa com o município para avaliar um terreno disponível em áreas permitidas dentro do plano diretor. Ainda não há definições.