A Associação dos Municípios do Alto Taquari (Amat) declarou oposição à proposta de concessão do Bloco 2, apresentada pelo governo estadual. O principal questionamento da entidade é o prazo de apenas dois meses para avaliar um documento com mais de duas mil páginas sobre um contrato que prevê concessão por 30 anos. Outro ponto criticado é o valor da tarifa média por quilômetro, considerado abusivo e incompatível, segundo os prefeitos, com a realidade da região que ainda enfrenta dificuldades de recuperação após as enchentes.
A Amat também questiona a falta de previsão de obras financiadas pelo governo estadual e argumenta que o Estado poderia aumentar os aportes ao longo do contrato, o que impactaria na redução da tarifa de pedágio. “Além do aporte de R$ 1,3 bilhão do Funrigs, não há previsão de investimentos do Estado. Legalmente, essas obras podem ser executadas pelo governo, mas, na prática, ele está se livrando de 30 anos de investimentos nas nossas rodovias. Poderiam ser previstos aportes melhores ao longo desse período, o que reduziria a tarifa”, afirma o presidente da Amat, Mateus Trojan.
Os prefeitos também demonstram preocupação com o impacto da concessão nos pequenos municípios, que seriam divididos por arcos tarifários, o que poderia afetar a economia local. A expectativa é que essas questões sejam debatidas em reunião com o secretário de Parcerias e Concessões do Estado, Pedro Capellupi, na próxima segunda-feira, 17. Segundo Trojan, a proposta, no formato atual, não conta com a aprovação da Amat.
O presidente também criticou a forma como o debate está sendo conduzido nas redes sociais. “Há pessoas se apresentando como heróis e salvadores da pátria, mas que na verdade, jogam toda a responsabilidade nos prefeitos. Porém o que precisa ser feito de fato é discutir em conjunto uma proposta que seja viável”, destacou.
O prefeito de Guaporé, Odair Rosetto (Podemos), que está em seu primeiro mandato, reforçou a necessidade de mais tempo para discutir o modelo de concessão, destacando que o município tem poucas obras previstas no projeto. Ele também ressaltou o impacto da tragédia climática na economia local e defendeu um modelo de pedágio mais equilibrado para os usuários.
“Qual a certeza que temos de que isso vai dar certo, além da garantia do contrato? Que temos conhecimento que não em muitos casos não são cumpridos. Penamos muito com a enchente, o Estado levou uma surra e agora, com esse acréscimo alto, quem sofre somos nós de novo”, criticou.
Rosetto reforça que sempre se posicionou contra modelos de pedágio prejudiciais à população e teme que a concessão, da forma como está, possa levar os municípios ao colapso.