Como foi o momento em que você recebeu o diagnóstico de DM1?
Recebi o diagnóstico em junho de 2017, com 13 anos. Foi um misto de sentimentos. Medo, insegurança e, de certa forma, desespero, como seria? Posso morrer? O que devo fazer? Sabia que daquele momento em diante minha vida mudaria para sempre. Apesar do susto, recebi esta doença com muita responsabilidade, soube desde cedo a importância das minhas decisões diárias e como elas impactam com a minha saúde.
Quais foram as maiores mudanças na sua rotina?
Minha vida mudou por completo. Imagine você acordar em um dia tranquilo, comer o que quiser, sem culpa e sem restrições e, no outro, precisar calcular tudo que você come, conferir o HGT no mínimo 8 vezes ao dia, diminuir drasticamente o consumo de carboidratos e fazer insulina para poder se alimentar? Os nossos hábitos, o que tínhamos em casa e as nossas escolhas foram obrigatoriamente mudando. Mas claro, com o passar do tempo fui compreendendo que não precisava deixar de comer o que os outros comiam, mas sim, em pouca quantidade e sempre, em qualquer circunstância, fazer o uso da insulina, por ser ela que me permite viver.
Você já enfrentou preconceitos ou mal-entendidos pelo DM1?
Pensei que seria diferente das outras pessoas e que deixaria de fazer coisas que elas fazem. O que mais influenciou foram comentários como: “Que pena, né? Tu vai viver menos que a gente”. Ou histórias sobre familiares: meu tio perdeu a perna por diabetes, meu avô perdeu a visão. Isso me fazia pensar nos riscos, mas cada pessoa lida com a doença de forma diferente. Ainda hoje recebo sugestões de chás ou comidas que supostamente ‘curariam’ o diabete, mas minha condição não tem cura, é uma deficiência do meu corpo. Entendo que quem não convive com a doença pode não entender, então respiro fundo e, às vezes, apenas concordo para evitar discussões. Quem vive com a doença precisa entender e lidar com ela.
Como você enxerga o avanço da medicina e da tecnologia para o tratamento?
Os avanços estão vindo lado a lado com as nossas necessidades de vida. Há cerca de dois anos comecei a utilizar o Sensor Freestyle Libre, um chip que fica em meu braço conectado ao meu celular que monitora 24 horas o controle glicêmico, me avisando de possíveis hipoglicemias e hiperglicemias por um alarme. Posso afirmar que minha saúde melhorou mais de 70% desde que comecei a utilizá-lo. Assim como as novas insulinas, que a cada novo lançamento vêm para agir mais rapidamente e melhorar nosso estilo de vida.
O que você diria para alguém que acabou de receber o diagnóstico?
Calma, não se desespere, você não tem a doença em vão, tudo na vida vem por um motivo. Eu descobri através dela o quão forte sou e como minha família se importa comigo. Com você não será diferente. Deus só dá a cruz para quem consegue carregar, respire fundo, você vai ver que ele tem toda a razão.