Diante da discussão sobre suspensão e retorno das aulas da rede estadual de educação, devido à onda de calor, escolas que não possuem climatização no Vale buscam alternativas para proporcionar qualidade e bem-estar aos estudantes. Na região, segundo dados da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (Cre), cinco das 80 instituições de ensino estaduais não possuem equipamentos como ar condicionado ou apresentam problemas na rede elétrica. Ainda, cinco escolas não retornaram às atividades nas sedes próprias após as enchentes.
Entre as instituições sem climatização, está o Instituto Estadual de Educação Pereira Coruja, de Taquari. Na noite de terça-feira, 11, a comunidade escolar organizou um protesto em frente à escola, exigindo o retorno das obras para substituição da rede elétrica, possibilitando a instalação dos equipamentos. Cerca de 200 pessoas participaram.
“Essa obra já foi conquistada, foi iniciada e a gente quer a retomada. Espero que a comunidade escolar continue do nosso lado nessa luta que não tem sido fácil” destaca Déborah Rosa Lautert, mãe de aluno da escola.
Obra parada
A obra de reforma da rede elétrica da escola foi cadastrada em 2020, e iniciou apenas em 2023, por conta de paralisações na pandemia. Foi feita uma nova instalação de rede no segundo piso de um dos prédios e, depois, o serviço foi trancado. “A empresa abandonou a obra com inconformidade orçamentária com o projeto. Pediram um aditivo que não foi concedido e a obra foi abandonada”, destaca o diretor da escola, André Vanderlei da Silva.
Segundo ele, como alternativa, a instituição utiliza recursos que recebe para a manutenção da estrutura, por meio de programas como o “Agiliza Educação”, do Estado, para a manutenção de ventiladores e bebedouros.
“Hoje, todas as salas de aula têm, pelo menos, dois ventiladores em funcionamento. São as alternativas que a gente encontra. Temos buscado trabalhar para que os alunos tenham o mínimo de conforto nessa situação.”
A escola possui aparelhos climatizadores comprados com a ajuda da comunidade, conforme destaca Silva. Alguns dos aparelhos já foram adquiridos há mais de 10 anos, sem nenhum recurso do Estado. “Temos equipamento para mais de 70% das salas de aula. Assim que nós tivermos condições elétricas, a gente vai adquirir os outros e fazer as instalações”. Hoje, o Pereira Coruja possui 1,2 mil alunos e é a maior escola regional da 3ª Cre.
Em busca de soluções
Coordenadora da 3ª Coordenadoria Regional de Educação, Greice Weschenfelder destaca que nas instituições que ainda não possuem climatização, há obras previstas. Ela afirma que o contrato para retorno das obras no Instituto Estadual de Educação Pereira Coruja deve ser assinado nos próximos dias.
Outra estrutura sem climatização é o Instituto Estadual de Educação Estrela da Manhã (IEEM), de Estrela. Segundo Greice, o Estado discute soluções para a falta de climatização em espaços do educandário. “Em outros locais que possuem a climatização, temos problemas de queda de energia ao ligar todos os aparelhos. Mas também temos escolas com boas estruturas.”
Segundo dados da Secretaria Estadual de Educação, são 800 educandários no RS que apresentam problemas elétricos. A secretária Raquel Teixeira ressalta que houve uma reestruturação e obras que, antes poderiam levar mais de um ano, hoje podem ser feitas em 90 dias. Além disso, afirma que, hoje, os diretores também conseguem administrar recursos para fazerem pequenas melhorias nas instituições.
Sem potência
Entre as escolas que lidam com a falta de estrutura elétrica, está a Escola Estadual de Ensino Fundamental São João Bosco. Diretor da escola, Jeferson Eduardo dos Santos destaca que o problema se arrasta desde 2019. “Precisamos de uma subestação de energia, com transformador próprio para ser atendido em média tensão”, ressalta o educador.
De acordo com ele, a empresa que venceu a licitação do governo estadual para executar a obra decretou falência e abandonou o serviço há mais de um ano. Segundo Santos, a obra deveria ser entregue no dia 19 de janeiro de 2024.
“Não sabemos dizer quando será retomada e concluída. Hoje, nossa escola tem ar condicionado em todas as salas, mas nenhum funciona a pleno, por falta de potência.”
O diretor ainda ressalta que, pela obra inacabada, o acesso principal da escola continua interditado.