Suspensão de contrato após incêndio deixa recicladores apreensivos

“DE MÃOS ATADAS”

Suspensão de contrato após incêndio deixa recicladores apreensivos

Central de triagem do aterro sanitário foi tomada por incêndio na sexta-feira, 7, em Teutônia. Pavilhão já passou por vistoria e perícia, mas segue interditado. Sem trabalhar, famílias estão de “mãos atadas”. Prefeitura aguarda laudo

Suspensão de contrato após incêndio deixa recicladores apreensivos
Integrantes da cooperativa se reuniram em assembleia na tarde de ontem, 10. (Foto: GRASI NABINGER)
Teutônia

Pelo menos 22 pessoas aguardam o posicionamento da prefeitura para retomada dos trabalhos da Cooperativa de Reciclagem de Teutônia. Em virtude de um incêndio, que ocorreu na sexta-feira, 7, o pavilhão da central de triagem está interditado e o contrato suspenso. Associados se reuniram em assembleia na tarde dessa segunda-feira, 10, e consideram estar de “mãos atadas”. Sem trabalhar, temem os próximos dias e a chegada das contas.

A esteira que era ferramenta de trabalho – e foi possivelmente foco do incêndio – está destruída. Entulhos queimados seguem espalhados pelo chão. Vistoria e perícia foram realizadas, mas os associados seguem impedidos de realizar qualquer atividade. “Toda a nossa renda é da reciclagem. Se produzimos, conseguimos receber. Agora que a prefeitura anulou o contrato, não vamos ganhar nada, e ainda ficaremos parados”, teme um dos recicladores, que prefere não se identificar.

Junto com ele, trabalha a esposa. Outros associados trabalham com irmão, namorada e, até mesmo, filhos: famílias que dependem daquela atividade. “Agora nós estamos sem nada. Na verdade, temos aluguel, temos conta, temos tudo pra pagar, né? Todo mundo tem sua despesa e as contas não esperam. Estamos sem chão, não temos para onde ir, porque não temos nossa renda mais”, compartilha, preocupado.

“Só nos dizem para esperar”

Débora dos Santos, responsável pelo setor administrativo da cooperativa, espera por solução da prefeitura. “Tem famílias inteiras que trabalham aqui e agora estão sem renda nenhuma dentro de casa. Não ouvimos nada da prefeitura. Eles só estão dizendo que precisamos esperar, que vão dar retorno”, conta, mas ressalta que cada dia sem trabalho impacta na vida das famílias de associados.

O contrato de prestação de serviços com o executivo garante recurso para pagamento das despesas de funcionamento da cooperativa. Mas, segundo Débora, os rendimentos são resultado da venda dos materiais reciclados. “Recebemos quase 45 toneladas de lixo por dia, de segunda a sábado, e o pessoal tira em torno de 10 a 15% do valor”, explica.

Houve registro de boletim de ocorrência na Polícia Civil de Lajeado, em nome do subsecretário de Agricultura e Meio Ambiente, Cristiano Steffens, que não se pronunciou sobre o ocorrido. Administração deve aguardar resultado da perícia que analisa se o incêndio foi culposo.

“Nos disponibilizamos a consertar”

Francisco dos Santos, presidente da cooperativa, aguarda desdobramentos, mas afirma que instituição se dispôs a arcar com os custos para reforma do local, desde que o espaço seja liberado e as famílias voltem ao trabalho.

Na tarde de ontem, 10, enquanto os associados debatiam o tema, máquinas da prefeitura iniciaram a coleta dos resíduos, para destinar a outro local. Receio é que a Administração Municipal rompa o contrato e encaminhe o lixo para outra cidade. “Esse trabalho é o sustento de muitas famílias aqui. E o município precisa pensar em quem é daqui e faz girar a economia”, aponta.

Acompanhe
nossas
redes sociais