“Não posso parar, as pessoas precisam de lenha no inverno”

ABRE ASPAS

“Não posso parar, as pessoas precisam de lenha no inverno”

Heli Rosenbach, morador de Arroio do Meio, completa 70 anos de vida em junho e, além dessa marca, celebra 35 anos sem consumir bebidas alcoólicas. A decisão de deixar o álcool foi um passo importante, após uma fase de vício que impactou a rotina e saúde. Ele lembra que, ao longo do tempo, o hábito foi prejudicial, mas com o esforço e a conscientização, conseguiu dar a volta por cima. Seu grande receio é que, ao parar de trabalhar, a lenha falte para aqueles que dependem de seu serviço nas estações mais rigorosas do ano

“Não posso parar, as pessoas precisam de lenha no inverno”
Foto: Gabriel Santos

Como é possível definir o senhor?

Vou completar 70 anos. O pessoal me conhece pelo bom humor e dedicação ao trabalho. Há 16 anos, me dedico ao ramo de corte de lenha, atividade que o mantém ocupado especialmente durante o inverno. No auge da demanda, chegamos a atender até 100 clientes por dia. O grande receio é que, ao parar de trabalhar, a lenha falte para aqueles que dependem de seu serviço nas estações mais rigorosas do ano. Se eu parar, pode faltar lenha.

Como foi o início da sua trajetória no corte de lenha?

Comecei cedo, ainda era jovem. Na época, o trabalho era bem mais difícil, tudo era feito a machado. Hoje em dia, a mecanização facilitou muito o processo. Chegava a rachar até 700 pedaços de lenha por hora. Além disso, eu fazia de tudo: cortava o mato, preparava o processo todo para entregar, e ainda atendia até 100 clientes por dia, principalmente no inverno.

Você pensa em parar com o trabalho de corte de lenha?

Não penso em parar tão cedo, quero ter energia para continuar até o final deste ano, pelo menos. Faz dois anos que estou diminuindo o ritmo. Cortei mato em vários municípios, não só em Arroio do Meio. Mas, se eu parar, fico preocupado, pois sei que as pessoas que dependem desse trabalho, principalmente no inverno, podem sofrer com a falta de lenha. Se eu parar, pode faltar lenha. Hoje ainda consigo atender a demanda.

Como começou sua relação com o álcool e como isso impactou sua vida?

Eu comecei bem cedo, aos 15 anos, com festas entre amigos. Mas, com o tempo, isso virou um hábito diário e descontrolado. Minha primeira internação foi em 1983, por insistência da minha família. Fiquei sete anos sem beber, mas, em 1990, tive uma recaída e perdi o controle novamente. Foi então, em 15 de janeiro daquele ano, que busquei tratamento na Central e, desde então, nunca mais consumi álcool.

Qual foi o segredo para deixar o álcool para trás?

O segredo está em evitar o primeiro gole. Quando você consegue resistir à primeira dose, a chance de continuar firme na sobriedade é maior. Valorizo muito o que conquistei, a sobriedade me trouxe ganhos importantes. Comemoro a data da minha sobriedade como um renascimento. Hoje, sou respeitado, tenho credibilidade e me sinto alegre no que faço.

Como a superação do vício e a dedicação ao trabalho influenciam sua vida hoje?

Essa trajetória de superação me transformou. Acredito que, ao passar por tudo isso, encontrei um novo caminho. Me sinto muito bem em poder ajudar as pessoas e ser reconhecido pelo meu trabalho. E, claro, a alegria que sinto no que faço é algo que não tem preço. Acredito que minha história pode servir de inspiração para outras pessoas que enfrentam dificuldades semelhantes.

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