Incerteza sobre reforma da ferrovia preocupa o setor

Trem dos Vales

Incerteza sobre reforma da ferrovia preocupa o setor

Comitiva da região busca apoio dos governos do Estado e do país para retomada dos passeios entre Guaporé e Muçum

Incerteza sobre reforma da ferrovia preocupa o setor
Passeios estão suspensos desde maio e sem previsão de retorno. Comitiva regional sugere tirar os 46 quilômetros da concessão e deixar exclusivo para exploração turística. (Foto: Arquivo A Hora)

A falta de perspectiva para o acordo entre governo federal e Rumo Logística, concessionária responsável pelas ferrovias da malha sul, sobre a reforma nos trechos danificados no RS, interfere sobre os projetos regionais para retomada das atividades turísticas.

O passeio pelo Trem dos Vales, entre Guaporé a Muçum, está suspenso desde a enchente de maio de 2024, e não há previsão de retomada. Diante disso, prefeitos da região, integrantes da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales) e o Conselho de Desenvolvimento (Codevat), buscam apoio do governo do Estado para fazer pressão política sobre o Ministério dos Transportes.

Na próxima quarta-feira, 19 de fevereiro, a comitiva regional marcou uma audiência com o vice-governador, Gabriel Souza, nomeado pelo Executivo gaúcho como o interlocutor do Piratini com o governo federal sobre a temática ferrovias.

Em âmbito nacional, foi formada uma comissão de estudos sobre a malha ferroviária, formada em novembro de 2024 com integrantes do Ministério dos Transportes e da concessionária Rumo Logística. No entanto, não houve atualizações sobre os encaminhamentos. Enquanto isso, o setor turístico da região sofre com a suspensão dos passeios, que eram uma importante fonte de receita para diversos municípios.

“Se continuar deste jeito, não teremos a oferta dos passeios nos próximos cinco ou dez anos. Sabemos que é um assunto complexo, mas precisamos de pelo menos uma visão do que pode ser feito”, avalia o prefeito de Muçum, presidente da Associação dos Municípios do Alto Taquari, Mateus Trojan.

“Falamos em retomada econômica, mas pouco avançou o diagnóstico sobre a situação da ferrovia. Os passeios são uma importante fonte de receita para diversos setores da nossa região”, acrescenta.

A segunda agenda, ainda sem data confirmada, será com o ministro dos Transportes, Renan Filho, em Brasília. A expectativa é que o vice-governador Gabriel Souza acompanhe a comitiva regional para fortalecer a representatividade do RS.

Propostas na mesa

Os líderes do Vale entregaram à Secretaria Nacional de Ferrovias, integrante do grupo de trabalho ligada ao Ministério dos Transportes, a proposta de retirar o trecho de 46 quilômetros da concessão com a Rumo.

A ideia é estabelecer uma parceria público-privada para reformar o trecho e voltar a oferecer o passeio. “Para nós, seria ver quanto o governo federal e o estadual poderiam contribuir, qual percentual seria com a concessionária e nós buscarmos algum complemento. E com isso, ficaríamos responsável pela manutenção e pelas ofertas aos turistas”, realça o coordenador do Trem dos Vales, Rafael Fontana.

Do turismo à economia

De 2019 a 2023, mais de 112 mil pessoas fizeram o trecho de 46 quilômetros de Guaporé a Muçum. A atração era vendida por 214 agências de turismo no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A suspensão dos passeios afetou hotéis, restaurantes, guias turísticos e outros negócios que dependiam do fluxo de visitantes.

Além do impacto turístico, a paralisação da ferrovia também prejudica o transporte de cargas, especialmente metais e combustíveis. Segundo o governo do Estado, 60% do etanol comercializado no RS é transportado por ferrovias.

Pela análise do vice-governador, a malha ferroviária gaúcha enfrenta décadas de sucateamento, pois a Rumo Logística não fez os investimentos em modernização, o que agravou o estado de conservação dos trilhos.

Um diagnóstico preliminar apresentado entre outubro e novembro de 2024 apontou que pelo menos 700 quilômetros de trilhos precisam de reforma, com um investimento estimado entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões. A concessão da Malha Sul, que inclui trechos no RS, SC, PR e SP, foi assinada em 1997 e vence em 2027.

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