Comissão regional questiona inadimplência calculada pelo Estado

CONCESSÃO DAS RODOVIAS

Comissão regional questiona inadimplência calculada pelo Estado

Pelo estudo dos novos pedágios, cobrança automática elevaria risco de evasão de 20% a 30%. Experiência na Serra mostra que apenas 10% dos condutores deixam de pagar

Comissão regional questiona inadimplência calculada pelo Estado
Plano do Estado é finalizar o edital neste primeiro semestre e leiloar rodovias do Bloco 2 até o fim do ano. Com isso, nova empresa substituiria a EGR em 2026. (Foto: Filipe Faleiro)
Vale do Taquari

O sistema de cobrança de pedágios por meio do modelo free flow, que substitui as praças físicas por pórticos eletrônicos, está no centro de um debate sobre os custos e a viabilidade da concessão de rodovias no Vale do Taquari.

Pela modelagem do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o risco de inadimplência neste novo modelo de cobrança pode variar entre 20% e 30%.

Junto com um Volume Diário Médio (VDM) abaixo de 20 mil veículos, a tarifa mínima precisaria começar em R$ 0,25 por quilômetro rodado. Enquanto isso, dados da concessionária Caminhos da Serra, mostram que a evasão de pagamentos no free flow é inferior a 10%.

O diretor de infraestrutura da Câmara da Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT), Leandro Eckert, questiona a base do estudo e a proposta do Estado. “Não é o free flow que encarece a tarifa, são os equívocos nos dados do BNDES”, afirma e acrescenta: “A leitura por pórticos com cobrança automática é o melhor sistema no mundo hoje. Esse percentual de até 30% de inadimplência é muito elevado. Além disso, o Estado apresenta uma circulação diária de veículos irreal.”

O plano de concessões do governo do Estado prevê investimentos de R$ 6,7 bilhões, sendo R$ 5,4 bi da iniciativa privada e R$ 1,3 bi do Fundo de Reconstrução do RS (Funrigs).

A proposta inclui a duplicação de 244 quilômetros de rodovias e a construção de 103 quilômetros de terceiras faixas. No Bloco 2, estão as ERSs 128, 129, 130 e 453.

No país, a primeira experiência de cobrança automática por leitura de placa foi na BR-101, entre o Rio de Janeiro e Santos. O sistema é diferente do pensado para o Vale do Taquari. No centro do país, há um pórtico, com a cobrança integral da tarifa. Funciona como uma substituição da praça física.

Formato semelhante da concessão da Serra Gaúcha, em trecho assumido pela concessionária Caminhos da Serra.

Entre as alternativas discutidas para diminuir o valor do pedágio estão a postergação de investimentos, a redução de melhorias em trechos menos movimentados e um maior aporte do Estado por meio do Fundo de Reconstrução do RS (Funrigs). Um aumento de R$ 900 milhões no repasse estadual poderia reduzir a tarifa em R$ 0,09 por quilômetro.

O governador Eduardo Leite, durante visita ao Vale na semana passada, afirmou que o pedido de ampliar o aporte está em análise.

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