O mundo inteiro não fala de outra coisa que não seja de Trump. O furacão laranja chegou novamente a presidência americana há pouco mais de duas semanas e conseguiu deixar a direita surpresa e a esquerda boquiaberta. Nesses poucos dias de governo ele parece levar ao pé da letra a máxima de Maquiavel “ de que o mal se faz todo de uma vez e o bem aos poucos.
Eu me interesso pela figura grandiloquente de Donald Trump desde sua primeira campanha presidencial e trago a seguir o que escrevi naquele distante novembro de 2016:
“Melanie Klein foi muito feliz ao reconhecer já nos primórdios da vida infantil os mecanismos básicos de projeção e introjeção, com os quais construímos nosso mundo interno. Aquilo que gostamos no mundo exterior trazemos para dentro de nós, imitamos e copiamos. E assim de imitação em imitação, observando e admirando, vamos nos fazendo humanos.
Mas o mundo exterior também tem coisas desagradáveis… dores, pais despreparados, sons e sabores exasperantes. Essas más experiências que também fazem parte da vida. Só que essas vivências ruins, ao invés de trazermos para dentro de nós, tendemos a projetar para fora de nós, para os outros.
Tudo isso para falar de Donald Trump, a figura mais polêmica dos Estados Unidos no século XXI e com chances reais de se tornar presidente da maior potência global. Não há como entender o pavão Donald Trump sem recorrer a psicologia! Eu disse pavão porque nenhum outro animal representa tão bem o narcisismo.
Trump é um bem-sucedido homem de negócios, teve uma série televisiva bem ao gosto dos tempos atuais, repleta de subserviência e humilhação, mas não tem experiência politica e ainda gaba-se de ser esperto na hora de pagar impostos. Tinha tudo para dar errado, mas segue firme na disputa. Mesmo entre seus pares republicanos ele está longe de ser um consenso.
Há apenas dois ex-presidentes republicanos vivos: Bush pai e Bush filho, e seu silêncio sobre apoio a Trump é ensurdecedor. John McCain, herói de guerra e ex-candidato a presidência pelo partido republicano retirou seu apoio a Trump depois do vazamento de um vídeo onde o candidato diz que, quando se é famoso, mulheres deixam que você faça “qualquer coisa”.”(…)
“Não há duvidas sobre o forte componente narcisista da personalidade de Trump. Ele seguidamente faz referencia a seus triunfos, inclusive sexuais, em suas falas. Tanta ânsia em se mostrar tão grande faz o observador mais arguto se perguntar se tal personagem não está na verdade escondendo e lutando (inconscientemente) contra suas inseguranças. Também sua falta de empatia com a dor alheia é impressionante, e ela ainda piora e acresce um toque de xenofobia se o desafeto for estrangeiro (isso numa terra de imigrantes).” (…)
“Também agiu assim com os mexicanos a quem chamou de estupradores e criminosos e disse que se eleito, forçá-los-ia a construir e pagar um muro entre a fronteira dos dois países. Com os muçulmanos Trump também pegou pesado ao ameaçar fechar as fronteiras americanas a sua entrada.
(publicado originalmente em novembro 2016)