Você sempre teve interesse em atuar ou foi uma descoberta recente?
Desde criança sou fã de novelas e filmes nacionais. Gostava de imitar atrizes infantis e várias brincadeiras giravam em torno desse tema. Recentemente resgatei esse desejo e, junto a Teatraria, embarquei numa oficina intensiva de teatro durante o mês de janeiro de 2023. Foi uma semana de teatro, em que soltei o corpo e a mente para aprender uma linguagem completamente diferente do que estava acostumada. Meu objetivo não era subir aos palcos, mas abrir espaço dentro da rotina, porque durante aquelas horas precisava deixar os desafios normais do lado de fora da sala.
Qual lição o teatro trouxe para sua vida fora dos palcos?
A presença talvez tenha sido uma das mais importantes. Mesmo em dias mais difíceis, é preciso se desconectar de si, para se conectar ao momento presente, ao grupo de colegas e deixar que os sentimentos do personagem comuniquem ao mundo a arte que nos atravessa. Outra coisa interessantíssima foi aprender junto a colegas de todas as idades, incluindo idosos que também não tinham experiência prévia. Assistir tantos adultos aprendendo uma nova linguagem do mundo foi muito gratificante.
Como foi subir ao palco para interpretar “O mar e a liberdade”?
Interpretei a Rosa na cena “O mar e a liberdade”, trecho adaptado por Paulo César Coutinho do livro “A lira dos vinte anos”, escrito originalmente por Alvares de Azevedo. Foi a primeira vez em um palco de “verdade”. E foi tudo mais intenso. Tivemos que criar todo o processo da cena, onde escolhemos as músicas, objetos e o estilo do figurino (minha cena se passava nos anos 60). Tivemos muitos ensaios e aprendemos o que rola nos bastidores. Gostei muito da experiência e me identifiquei com a minha personagem, o que provavelmente me ajudou a interpretá-la. Ainda que tenha sido a primeira cena num palco de verdade e para mais de 100 pessoas, venci a vergonha e deixei que a Rosa comunicasse a sua mensagem ao público.