Desde os primórdios o mundo vive constantes transformações. A velocidade com que estas mudanças acontecem é influenciada, principalmente, por fatos históricos, eventos sociais marcantes e os naturais e consequentes avanços tecnológicos que vem para atender às necessidades validadas socialmente.
Este contexto de evolução, e talvez em alguns aspectos, involução, nos mostra que embora a tecnologia olhe para pessoas intuindo suas necessidades, a cultura (do ponto de vista filosófico e político), carrega conceitos milenares e que ao longo do tempo, mesmo em tempos modernos, são perpetuadas de geração em geração.
Aqui, quero levar nossos olhares e pensamentos para refletirmos que a presença do professor esteve presente e continua viva em cada época. A participação dos professores ainda é essencial em todos os níveis da escolarização. Focando, neste artigo, em Ensino.
Entretanto, a reorganização social foi exigindo que esta compleição do professor, se moldasse de acordo. Até aqui, tudo bem. Afinal, desde sua formação, professores são orientados sobre sua necessidade de metamorfose, ‘Formação Continuada’, atualizações e aperfeiçoamento. Esta premissa de mutabilidade é tão plausível quanto necessária para oxigenar o sistema educacional e acompanhar minimamente avanços sociais, humanos e tecnológicos…
Em que pesem a exigências que esculpem a performance da atividade docente, não se dá condições condizentes ao perfil profissional desejado. O desalojamento dos professores de sua dita zona de conforto, em um parto fórceps, tem sido um dos maiores problemas no desenvolvimento social. Governanças com discurso falho, uma retórica incapaz de persuadir aos pretendidos.
A incapacidade das lideranças em instigar a magistério está intimamente relacionada ao fato de que a construção da Educação começa nos gabinetes, ao invés de estar alicerçada no “chão de escola”, ouvindo agentes pertencentes à ensinagem. A tentativa de alavancar ensinamentos com a missão transformadora, mas que ao mesmo tempo estão restritos a vigiar números e construir planilhas, é olhar para um projeto que se inicia fadado ao fracasso. Os números poderão ser alcançados, mas provavelmente não serão resultantes de conteúdos fidedignos às necessidades dos alunos.
Além disso, a elaboração de planos e metas que ignoram aspectos importantes da realidade dos professores, como infraestrutura, realidade socioeconômica, mas principalmente (de forma alarmante), sua saúde mental.
A incompatibilidade entre as exigências do poder público, as necessidades sociais, e as reais condições dos docentes, tem flagelado o magistério. Estudos e pesquisas apontam os efeitos nocivos desta realidade, que tem refletido diretamente na saúde mental dos professores e alunos. Não à toa, somos os profissionais com maior índice de bournout.
Uma reflexão que tem por objetivo principal pedir o engajamento das pessoas para este olhar de acolhimento, e a exigência de que algo diferente seja pensado.
Que possamos sair deste ‘loop’ infinito do organograma da infelicidade coletiva, que faz do magistério um universo medicado (não tratado).
Queremos mais do que metas e normativas. Queremos ter saúde mental e qualidade de tempo/vida para sim, com lucidez, interpretar diretrizes e bases que ainda nem foram devidamente compreendidas.
Uma reorganização social que nos permita evoluir em busca de soluções curativas, paliativas, não involutivas, tampouco que flagele o magistério. Afinal se o magistério está doente, uma sociedade inteira adoece junto.