Donald Trump. O homem do momento. Aquele que não acredita em mudanças climáticas, que rasga acordos internacionais e alimenta o sonho dos supremacistas brancos. Dessa vez, resolveu dar uma de urbanista e, de quebra, especialista em geopolítica do Oriente Médio. Sim, porque não basta ser presidente dos Estados Unidos, também quer ser o dono da Faixa de Gaza.
O mesmo cara que construiu um muro na cabeça das pessoas antes de construí-lo na fronteira com o México, agora quer “assumir” Gaza. E, claro, deslocar milhões de palestinos para qualquer lugar. Desde que não seja para os Estados Unidos, que isso fique bem claro.
Em encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, simplificou a resolução de um dos conflitos mais complexos da história contemporânea. Basta os EUA “assumir o controle” da Faixa de Gaza para tornar levar “estabilidade e orgulho” para a região.
Para completar a anomalia, ainda sugeriu que a população — mais de 2 milhões de pessoas — se mude para outros países. “Por que eles iriam querer voltar? O lugar tem sido um inferno”, disse ele, ignorando o fato de que, bem, Gaza é dos palestinos. Cada vez menos, mais ainda é.
O que mais me impressiona é a capacidade de Trump de dizer coisas que, em qualquer outro contexto, seriam consideradas absurdas, mas que, na boca dele, viram “propostas polêmicas”. Limpeza étnica? Aquisição de terras pela força? Tudo isso está sendo discutido como se fosse uma simples mudança de política externa.
E o pior é que tem quem aplaude, inclusive por aqui. Nas terras tupiniquins, há lustradores de botas oficiais. Uma legião em defesa do indefensável.
– Não fale mal do meu “Trumpinho”.
Para os meus conterrâneos: o Trump não gosta da gente, viu. Desculpa te dizer isso.
No fim das contas, o que o “Laranjão” defende é mais do que uma mudança geopolítica. É um ataque direto aos direitos humanos, à soberania dos povos e à própria ideia de justiça internacional.
Então, enquanto o mundo assiste a esse show de horrores, restam as perguntas: até onde vai o poder de Trump? São bravatas de um marketeiro ou ameaças aos povos? Porque uma coisa é certa: Gaza não é um terreno à venda, e os palestinos não são peões em um jogo de xadrez. Por mais que insista ter sido enviado por uma força superior para realizar o “Destino Manifesto” dos EUA, a história já nos mostrou que esse tipo de arrogância não termina bem.
Você sabe o que é o “Destino Manifesto”?
O termo foi muito repetido nos eventos de posse no segundo mandato de Donald Trump. Trata-se de um conceito ideológico nascido nos EUA por volta de 1840 e estabelece uma crença de que o país tem um destino divino para expandir seu território e influenciar no continente e no mundo.
Na base, tem uma combinação de ideias religiosas, políticas e econômicas, com o pretexto de que os Estados Unidos são uma nação única e especial, com uma missão de espalhar a democracia e a liberdade.
Precisamos olhar de maneira crítica, pois isso é apenas uma desculpa esfarrapada para justificar expansionismo e intervenção em países alheios. Um conceito que, sem dúvida, ressurgiu com força neste novo governo Trump.
Na história, o Destino Manifesto foi um pretexto para dizimar povos nativos e anexar territórios. Em paralelo, esse foi o período dos contos sobre a conquista do Velho Oeste.
O pedágio vai sair, queira ou não
O grande assunto do ano para o Vale do Taquari é o plano de concessão das rodovias estaduais. Gostar ninguém gosta, mas vai ter cobrança, inclusive em trechos que nunca foram pagos.
No macro, a tarifa de R$ 0,23 é demais. Acima da média nacional, em torno de R$ 0,14 a R$ 0,18. O Piratini diz que é devido ao volume de obras. Não sejamos ingênuos, tem mais caroço neste angu.
Passa pelo risco de inadimplência do free flow, pois será o primeiro modelo no Brasil com cobrança automática. Junto com isso, é preciso atrair o apetite privado. Há um entendimento de que precisamos pagar mais, pois o bonde das concessões está passando. Tem rodovias no Paraná, São Paulo, Santa Catarina. As grandes empresas e conglomerados assumindo essas rodovias. Assim, sobram poucos concorrentes aptos para os caminhos gaúchos.
Na infraestrutura, o RS é um abacaxi. Há muito para se fazer, ainda mais com o risco dos episódios climáticos extremos. A pressa do governo considera isso e também a proximidade com as eleições de 2026.