A recente alta de 4,55% no preço do diesel deve impactar diretamente o setor de transportes rodoviários no Rio Grande do Sul e em todo o Brasil, refletindo em um aumento de até 10% no valor do frete. O alerta foi feito pelo diretor da Tomasi Logística e da Fetransul, Diego Tomasi.
“Vivemos em uma economia movida a diesel. Seja nos caminhões, máquinas industriais ou termoelétricas, o diesel é essencial, e qualquer aumento no preço acaba gerando um impacto significativo. No Rio Grande do Sul, o modal rodoviário movimenta cerca de 90% do nosso PIB. Assim, quando o diesel encarece, o efeito é imediato: o custo do frete sobe, e isso se reflete nos preços de supermercados, comércios e serviços em geral”, explica Tomasi.
A Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul (Fetransul) emitiu nota contrária ao aumento do combustível. Segundo a entidade, a política de preços da Petrobras carece de previsibilidade, dificultando o planejamento e a negociação de contratos. “No ano passado, quando o petróleo internacional estava em baixa, não houve redução nos preços. Agora, enfrentamos este aumento repentino, que desestrutura o setor de transporte”, destaca.
Aumento de custos no setor
O diesel, que representa cerca de 35% dos custos operacionais dos transportadores, é apenas um dos fatores que pressionam o setor. O aumento da taxa de juros, a dificuldade de financiamento para renovação de frota e o reajuste no dissídio coletivo também impactam diretamente os transportadores. “Além disso, o custo do pedágio é uma despesa significativa que o transportador precisa absorver, dificultando ainda mais a operação”, reforça o diretor.
Concessões e infraestrutura
Outro ponto crítico levantado por Tomasi são as concessões rodoviárias no estado. Ele destaca a conquista da Fetransul ao barrar o modelo inicial de concessão, que previa obras insuficientes e deixaria regiões isoladas. No entanto, o modelo atual, embora mais adequado, ainda carece de ajustes.
Uma preocupação específica é a ausência de pontos de parada para descanso de caminhoneiros na BR-386, conhecida como “rodovia da produção”. “Hoje, 60% do valor dos pedágios são pagos pelos caminhões, mas não há previsão de paradas na BR-386. Isso compromete a segurança dos motoristas. Na concessão do bloco 2, estão previstos dois pontos, próximos de Arroio do Meio e Casca, mas precisamos garantir que a rodovia da produção também tenha esses espaços para descanso”, ressalta.
Com desafios crescentes no custo operacional e na infraestrutura, o setor de transporte rodoviário segue buscando soluções para minimizar os impactos no bolso dos consumidores e na logística do estado. “Nossa luta é por uma infraestrutura mais eficiente e condições justas para o trabalho dos transportadores”, finaliza Tomasi.
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