Com a acomodação dos novos gestores municipais em janeiro, a perspectiva é por avanços significativos nos planos diretores de sete cidades do Vale do Taquari. A iniciativa é resultado de convênio entre a Univates, por meio da Fuvates, e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano do estado (Sedur) em resposta as catástrofes climáticas que atingiram boa parte da área urbana e rural destas localidades.
A proposta contempla Arroio do Meio, Colinas, Cruzeiro do Sul, Estrela, Encantado, Muçum e Roca Sales e estabelece diretrizes para o planejamento territorial, incluindo aspectos das habitações, instalação de indústrias, mobilidade urbana e, em especial, a análise sobre as chances de novas inundações destes espaços e a intensidade que a água pode avançar em cada área.
De acordo com arquiteto e urbanista e coordenador geral do projeto, Marcelo Arioli Heck, o primeiro movimento foi mapear as zonas de risco. Este material será entregue já nos próximos dias pelo governo do estado para os municípios. “Estamos nos colocando como parceiros técnicos. Tivemos reuniões desde o ano passado. No período das eleições houve uma pausa, mas agora retomamos as conversas com a solicitação de documentos e entendendo a realidade de cada município”, especifica.
Em relação ao planejamento das cidades, Heck analisa que não há possibilidade de descartar o aproveitamento de todos os locais afetados pela enchente. O arquiteto aponta ser necessária compreensão mútua dos gestores e da equipe responsável pelo estudo sobre as dimensões e realidades geográficas dessas áreas. “O zoneamento vai apresentar quatro manchas: Uma área que não tem risco, com baixa possibilidade, médio a alto risco. Não quer dizer que as cidades com 80% da área urbana atingidas terão estas estruturas desconsideradas. A reconstrução cidade é um processo”, resume.
Audiências públicas
Além das reuniões com prefeitos e responsáveis pelo planejamento dos sete municípios, uma das próximas etapas envolve a realização de audiências públicas com a oportunidade de a comunidade expor suas percepções sobre o que está bom e o que pode melhorar nos municípios. “A ideia é no mínimo uma audiência pública na área urbana e outra na parte rural. É um momento colaborativo, com horário e local facilitado para uma boa participação, se estabelecendo como um lugar para discutir o futuro da cidade”, apresenta o arquiteto e urbanista.
As entregas dos planos diretores estão previstas para ocorrer até o final de 2025. Os produtos complementares sobre mobilidade, habitação, parcelamento do solo e código de obras devem ser concluídos até a metade de 2026.
Sobre o convênio
O contrato está no quinto de 20 meses. A mobilização envolve mais de 40 profissionais com vasta experiência na área, incluindo arquitetos e urbanistas, engenheiros ambientais, advogados, geólogos, equipe de participação social e especialistas em outras áreas. O investimento pelo estado foi de R$ 3,1 milhões repassados à Fundação da Univates para elaboração dos documentos com a participação de profissionais, professores, alunos e ex-estudantes de vários cursos da instituição.