Durante 16 dias, o empresário Roberto Lucchese e o engenheiro civil Alan Simsen enfrentaram o desafio de escalar o Cerro Aconcágua, a montanha mais alta das Américas, com 6.962 metros de altitude. Localizada em Mendoza, na Argentina, a expedição testou os limites físicos e emocionais dos alpinistas. Segundo Lucchese, o último dia da jornada foi tão desafiador quanto o primeiro, refletindo o constante esforço necessário para enfrentar os desafios impostos pela altitude e pelo clima extremo.
Esta foi a quinta expedição do empresário, que já havia escalado o Monte Everest em duas ocasiões e realizado outras duas aventuras no Equador. Para ele, iniciar uma jornada como essa exige não apenas preparo físico, mas também a coragem de abandonar o conforto e os luxos cotidianos, como água potável, alimentação balanceada e cama confortável.
Apesar do esforço e da determinação, Lucchese e Simsen não conseguiram alcançar o cume do Aconcágua devido às condições climáticas adversas e ao intenso desgaste físico. No entanto, o empresário destacou os aprendizados obtidos durante a experiência. “Não existem super-heróis”, afirmou, enfatizando a importância do trabalho em equipe e da orientação de instrutores experientes. “Entendi que o coletivo precisa sempre prevalecer. Esse é o verdadeiro espírito da escalada.”
Lucchese também compartilhou algumas curiosidades sobre os desafios enfrentados pelo corpo em altitudes extremas. Ele explicou que não existe uma preparação perfeita para a altitude e por isso o corpo precisa se adaptar gradualmente ao longo dos dias. Acima dos 6 mil metros, as temperaturas podem atingir -30°C, o que reduz drasticamente a saturação de oxigênio no sangue e torna cada passo mais difícil.
O desgaste físico é tão intenso que, durante a expedição, Lucchese perdeu 6 kg. Sem infraestrutura adequada para cozinhar, a dieta era composta principalmente de miojo e sopas. “Teve dias em que eu consumia 4 mil calorias, mas gastava 17 mil”, relatou.
Amputação
No dia planejado para alcançar o cume, o clima parecia favorável, porém Simsen apresentou sinais de desgaste, e, a apenas duas horas e meia do objetivo, a dupla tomou a difícil decisão de retornar. Outros alpinistas decidiram seguir em frente, mas as condições se tornaram ainda mais perigosas. Durante o trajeto, três pessoas desmaiaram devido ao esforço excessivo. Uma argentina, que sofreu congelamento severo nas mãos, teve ambas amputadas. “Foi um milagre ninguém ter morrido”, refletiu Lucchese, destacando os riscos e a imprevisibilidade de enfrentar montanhas como o Aconcágua.
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