Alta demanda e escassez impactam sobre aluguéis

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Alta demanda e escassez impactam sobre aluguéis

Em Lajeado, estima-se um aumento de até 15% no valor para locação de apartamentos e casas situadas em áreas distantes das inundações. Custo varia conforme localização, condições e tamanho

Alta demanda e escassez impactam sobre aluguéis
Placas de “aluga-se” no Centro: proprietários enfrentam dificuldades para locação após cheias. (Foto: Gabriel Santos)
Lajeado

Quando decidiu se mudar para Lajeado, em agosto de 2023, a farmacêutica Nívia Maria Ferrz, 34, já percebeu uma dificuldade para localizar um imóvel adequado para residir. Vinda de Teutônia, conseguiu um apartamento com a infraestrutura de acordo com suas necessidades, no bairro Florestal. Mas, um ano depois, a busca por uma nova moradia foi bem mais complexa.

Nívia teve que deixar o imóvel onde estava após o término do contrato de locação, em agosto do ano passado, e ao ser informada que a proprietária passaria a residir no local. Em meio a um cenário de alta demanda no mercado imobiliário, por conta da enchente de maio, ela custou a encontrar um local propício. Situação vivida por outras famílias na cidade.

O mercado de aluguéis em Lajeado foi afetado diretamente pela inundação histórica. A procura por imóveis, sobretudo em áreas não atingidas pelas cheias, cresceu de forma exponencial. Como consequências, os preços também foram impactados. Tornou-se mais caro fechar um contrato de locação. Um percentual difícil de medir, segundo proprietários de imobiliárias, pois varia conforme bairro, tamanho do imóvel e condições.

“A busca foi incrivelmente mais difícil. Quando algo surgia na imobiliária, já era locado de imediato. Acabei fazendo uma locação sem fazer visita ao local e não me dei conta de alguns detalhes. Hoje, ele não supre todas as minhas necessidades”, comenta Nívia, hoje residindo no São Cristóvão, bairro em que ainda não se adaptou.

Escassez de imóveis

Proprietário de uma imobiliária no bairro Florestal, Mateus Pedó cita que o impacto da enchente “é perceptível” no mercado imobiliário e, com a procura grande e a escassez de opções, o aumento dos preços se torna inevitável. Soma-se isso ao fato da cidade seguir em ritmo de crescimento populacional, mesmo após a cheia histórica.

“Muitas pessoas de cidades vizinhas, como Arroio do Meio ou Cruzeiro do Sul, se deslocaram para Lajeado em busca de novos lares. Lajeado, embora tenha sido muito afetada, tem condições de infraestrutura melhores. O reflexo disso no mercado é claro, com os imóveis circulando mais rapidamente para locação. O que manda no mercado é a oferta e a demanda”, comenta.

Pedó estima que, desde maio, preços de aluguel de imóveis em regiões mais valorizadas e longe do risco de enchentes aumentaram pelo menos 15%. Um apartamento de um dormitório que antes era alugado por cerca de R$ 1,6 mil hoje sai por mais de R$ 2 mil. São bairros que, querendo ou não, estão se tornando o novo Centro”.

Estabilização

Por outro lado, o delegado sub-regional do Creci-RS e diretor da Imobiliária Arruda e Munhoz, Keko Munhoz, entende que o mercado de aluguéis começa a “estabilizar” na região, após uma alta nos meses que sucederam a enchente. Em entrevista recente à Rádio A Hora, se refere a este momento como mais um ciclo vivido pelo setor, assim como ocorreu também na pandemia.

“A lei da oferta e procura é o que regula o mercado. Não há como negar que essa catástrofe impactou diretamente o setor aqui em Lajeado e no Vale. Mas, passados quase nove meses, o mercado começa a normalizar. O que tinha de ocorrer de migração, já ocorreu. O que temos agora? Um fluxo intenso de pessoas que vem para Lajeado no início do ano, por conta de faculdade, empresas”, cita.

Locações em Lajeado

Reportagem comparou preços em três imobiliárias da cidade. Confira algumas curiosidades:

  • O apartamento mais barato encontrado no Centro, com um dormitório custa R$ 990 o aluguel mensal. No entanto, fica em região atingida pela enchente;
  • No Florestal, a maior parte dos apartamentos com dois dormitórios disponíveis variam entre R$ 1,6 mil e R$ 3 mil;
  • No São Cristóvão, bairro muito valorizado, o aluguel mais barato de apartamento encontrado foi de R$ 1,3 mil, com dois dormitórios;
  • Nos bairros mais distantes do Centro, há maior variedade no Jardim do Cedro e Olarias.

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