12 anos de recomeços e superação

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12 anos de recomeços e superação

Família Tischer relata os desafios de seguir em frente após mais de uma década do caso Boate Kiss, a maior tragédia do estado

12 anos de recomeços e superação
Entre as vítimas, estava Fernanda Tischer, filha de Diana e irmã de Thais. (Foto: Jéssica R Mallmann)

Quem vê o sorriso de Thais e Diana Tischer não imagina a saudade que as envolve todos os dias. Doze anos se passaram desde o 27 de janeiro de 2013, uma data que ficou na memória delas e de todo povo gaúcho. Neste dia, o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, na região central do estado, tirou a vida de 242 pessoas. Entre as vítimas, estava Fernanda Tischer, filha de Diana e irmã de Thais.

Apesar da dor da partida da Nanda, como a jovem era carinhosamente chamada pela família, mãe e irmã não deixam de sorrir ao reverem as fotos e lembrarem dos bons momentos juntas. “Ela era determinada, não gostava de roupas muito coloridas, preferia preto e branco, mas era muito alegre”, revela a mãe.

“A Nanda era dedicada aos estudos e sempre me ajudava quando voltava para casa”, conta Thaís. “Ela também desenhava muito bem. Tudo o que sei desenhar foi ela quem me ensinou. Com a partida, parei de pintar, mas guardei todas as suas artes”.

Fernanda havia saído de Paverama para estudar veterinária na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), um sonho de infância. Na época da tragédia, a jovem tinha 21 anos. Diana relembra que estava feliz com a conquista da filha. Depois de muitos anos vendo a dedicação de Fernanda, ela sentia que naquele momento a jovem estava pronta para seguir a vida. “Eu me sentia leve por vê-la realizando seus sonhos. Ela tinha o desejo de viajar e morar fora, no entanto, foi traçado um destino diferente”.

Para honrar a memória da irmã, Thais optou por se tornar Bombeira Civil

Para honrar a memória

À medida que o tempo foi passando mãe e filha aprenderam a ressignificar o ocorrido para seguir a vida. No ano em que Fernanda partiu, elas ainda estavam aprendendo a lidar com a perda de Moacir, o pai da família, que faleceu devido a um acidente de altura em 2006.

“A perda da Nanda me fez ter a certeza de que não adianta gritar ou espernear, isso não vai trazê-los de volta”, destaca Diana. Para ela, a força para seguir em frente é inspirada nas lições que a vida traz. “As situações difíceis acontecem para te tornar uma pessoa mais forte. Ou tu te transforma ou também acaba morrendo”.

A fim de honrar a memória do pai e da irmã, bem como prevenir situações que levaram à perda dos entes queridos, Thais optou por se tornar Bombeira Civil. No ano passado, ela chegou a passar cerca de quatro meses em Portugal para atuar como bombeiro florestal. Também foi voluntária durante as enchentes de maio, no Vale do Taquari. “Poder ajudar os outros faz com que, de certa forma, eu sinta que eles estão comigo”.

Nos últimos anos, a família Tischer encontrou uma nova luz com a chegada da pequena Martha, agora com dois anos. Filha de Thais, a menina trouxe esperança e renovou a alegria do dia a dia. Juntas, elas seguem dedicadas ao crescimento da pequena, que devolveu cor à rotina da família. “Uma criança é sempre uma renovação. Não é fácil, nunca vamos esquecer da Fernanda. Mas hoje temos um motivo a mais para seguir”.

Tragédia em Santa Maria deixou0 242 vítimas

Relembre o caso

Em 27 de janeiro de 2013 a Boate Kiss sediou a festa universitária “Agromerados”, que teve como atração da noite a Banda Gurizada Fandangueira. O incêndio começou quando um dos integrantes do grupo disparou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma de isolamento sonoro, localizada no teto.

O fogo se alastrou rapidamente e gerou uma fumaça tóxica. O fato é considerado a maior tragédia do Rio Grande do Sul e a segunda maior do país em número de vítimas em um incêndio. As responsabilidades são apuradas até hoje.

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