“Um dos meus desafios será a liderança no diálogo regional”

LAJEADO 134 ANOS

“Um dos meus desafios será a liderança no diálogo regional”

Em entrevista exclusiva, Glaucia Schumacher revela os desafios e ambições como prefeita de Lajeado

“Um dos meus desafios será a liderança no diálogo regional”

A Hora – Lajeado completa 134 anos. E você é apenas a segunda mulher prefeita. Qual é o tamanho e o peso dessa conquista para você e todas as demais mulheres que ajudaram e ajudam diariamente no desenvolvimento da cidade?

Gláucia Schumacher – É uma grande honra ocupar esse cargo e tem um significado especial porque meu pai também foi prefeito de Lajeado. Defendo que homens e mulheres devem ocupar espaços de acordo com suas competências e capacidades, e não por questões de gênero. Mas é, sim, uma grande responsabilidade ser a segunda mulher a ocupar esta posição e, talvez, servir de inspiração e referência para mulheres de todas as idades para dizer que, sim, podemos e devemos ocupar espaços de liderança, inclusive na política. Estar aqui significa um compromisso de honrar a liderança feminina, como foi a nossa querida ex-prefeita dona Carmen.

AH: O que o teu olhar feminino pode trazer a mais para a gestão pública e o desenvolvimento social e econômico de Lajeado?

Gláucia: Ser mulher, e além disso, ser mãe, esposa, empresária, professora, me permite ter uma visão ampliada dos efeitos das políticas públicas na vida das pessoas. E já venho trazendo isso por todos os anos em que estou na política. Ser mulher me permite ficar atenta a detalhes que poderão fazer a diferença em algumas situações que, espero, que possam contribuir para melhorar a vida da nossa comunidade. Ter mulheres em posições estratégicas e de liderança na nossa administração contribui para uma gestão mais equilibrada, que traz experiências e pontos de vista diferentes.

AH: Ao lado do ex-prefeito Marcelo Caumo, você enfrentou o maior desafio já vivenciado na história de Lajeado. Se você pudesse resumir as enchentes de 2023 e 2024, quais foram os principais aprendizados para o futuro? Onde estão nossas maiores lacunas?

Gláucia: Enfrentamos as três maiores cheias dos últimos 150 anos. Sempre convivemos e vamos continuar convivendo com enchentes. Porém aprendemos que é necessário ter alertas precisos e ações de prevenção que evitem prejuízos maiores. Precisamos de políticas regionais para medição do nível do Taquari, com apoio dos governos Estadual e Federal, de forma a qualificar o monitoramento e as informações sobre o rio em momentos de calamidade. E aqui no município, vamos trabalhar com sistemas de alerta, qualificação da Defesa Civil e de voluntários, e revisão do atual Plano Diretor e estruturação de políticas sobre a ocupação de áreas alagáveis.

AH: Após a tragédia, a reconstrução. O que o seu governo elenca como prioridades para a plena retomada social e econômica da cidade? E qual será a primeira e efetiva nova ação ou movimento?

Gláucia: Estamos acompanhando de perto a reconstrução das conexões com as cidades vizinhas e cobrando agilidade para a entrega dentro dos prazos estabelecidos. Essa reconexão é essencial para a economia da nossa região. Nossas ações já estão acontecendo, como manter, pelo tempo necessário, o aluguel social custeado pelo município às famílias afetadas pelas enchentes, o acompanhamento dos programas habitacionais, a reconstrução de vias públicas afetadas, o restabelecimento de iluminação pública, a atenção aos parques afetados.

AH: Q quais são os possíveis novos projetos de concessão ou parcerias público-privadas no radar da nova gestão municipal? De que forma o vice-prefeito Guilherme Cé auxiliará nesses processos?

Gláucia: A primeira é a implementação da Parceria Público-Privada (PPP) da Iluminação Pública Inteligente, que já estava em andamento e faremos ajustes para que possa atrair interessados na execução. Também vamos trabalhar na elaboração da PPP para espaços públicos, como os parques Histórico Municipal e o Ney Santos Arruda. O vice-prefeito estará presente assim como nas demais ações do nosso governo. Ele foi fundamental na elaboração da PPP da iluminação pública e tem conhecimento e capacidade técnica para contribuir com os grandes projetos que já estão em andamento, muitos deles em parceria com os governos federal e estadual.

AH: As enchentes forçaram diversas empresas a procurarem áreas mais seguras. Muitas deixaram o município. Como o seu governo pretende agir para evitar novas perdas e, além disso, garantir um ecossistema atraente para quem já empreende e também para atrair novas empresas?

Gláucia: Nosso desafio é buscar oportunidades de crescimento com empresas que não precisem de muita área física e possam trazer maior valor agregado em sua produção, como os empreendimentos da área da inovação, já que temos um território pequeno. Para que mais empresas se interessem em investir aqui, temos que incentivar as áreas de inovação para implantação de programas e projetos que tornem a cidade ainda menos burocrática, mais eficiente e eficaz para que investidores e empreendedores da nova economia desejem se instalar aqui. Outra área importante de atuação é na qualificação dos jovens, pois também é uma forma de atrair empresas que estejam em busca de profissionais qualificados. E temos feito isso em projetos como o Trilhas da Inovação, pelo qual qualificamos adolescentes para este novo mundo da inovação e da tecnologia.

AH: As urnas demonstraram uma certa insatisfação com alguns pontos das gestões anteriores. E um recado parece vir dos bairros mais periféricos: eles querem ainda mais atenção. Como o seu governo pretende chegar e atender as mais distantes pontas e demandas dos bairros?

Gláucia: Estamos organizando o governo para ouvir ainda mais os bairros. Queremos estar presentes nas comunidades para que elas possam dizer o que é importante e o que precisa ser feito. Faremos reuniões em todos os bairros para fazer este diagnóstico e depois encaminhar as prioridades de cada região. Em nosso plano de governo, um dos nossos macrocompromissos é o de cuidados com a cidade, que inclui a criação de uma secretaria de Zeladoria Urbana. Acreditamos que essas ações de zeladoria, que demonstram cuidados e embelezamento com a cidade.

AH: Quais serão os movimentos do seu governo para atender à velocidade exigida pelo mercado da construção civil sem “perder às rédeas” do crescimento sustentável e harmonioso?

Gláucia: A verticalização é algo inevitável em um território relativamente pequeno, e agora, esta situação se evidenciou ainda mais com a necessidade de a cidade se afastar das chamadas “zona de arrasto” do rio. Nosso planejamento precisa atender o crescimento rápido da população, com investimentos contínuos em infraestrutura urbana, mas também deve considerar a necessidade do atendimento na educação, saúde, segurança e lazer. E, todo esse crescimento precisa acontecer em conformidade com a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. A busca deste equilíbrio entre crescimento econômico e qualidade de vida é o desafio e a função da administração.

AH: Além da urbanização sustentável, a logística municipal também é diariamente desafiada com a alta densidade demográfica. Quais serão as prioridades na área da mobilidade?

Gláucia: Lajeado atrai a cada ano mais pessoas, seja para fixarem residência, seja para buscarem trabalho, e todo esse movimento impacta no uso das vias públicas. Precisamos pensar na realização de obras de grande porte para resolver gargalos atuais e também os que possam ocorrer no futuro. Precisamos planejar uma cidade para daqui 10, 20 ou 30 anos. Vamos promover um estudo para implementação de anel viário municipal, identificando gargalos e criando soluções de médio e longo prazo.

AH: Lajeado é a mais populosa e mais rica cidade do Vale do Taquari. Isso faz do gestor uma figura regional. Na sua opinião, quais são os principais desafios regionais para os próximos quatro anos? E de que forma você pretende atuar para auxiliar nestes processos?

Gláucia: Acreditamos que cabe a Lajeado o papel de conduzir os debates porque temos maior representação, e é natural que isso seja desta forma. Ser a cidade polo tem esta dupla função, de representar e também liderar as discussões para que possamos crescer como região. Um desses desafios será a liderança no diálogo regional para estudos e projetos sobre novas ligações viárias sobre o Rio Taquari, criando alternativas logísticas e reduzindo a dependência da única ligação existente por meio da BR-386. Eu estarei disponível para contribuir com estas discussões.

AH: Por fim, qual deverá ser a marca do Governo de Gláucia Schumacher?

Gláucia: Eu gostaria que as pessoas, lá no futuro, lembrassem da nossa gestão como um período de cuidado com os recursos públicos, de investimentos na educação e na saúde, de uma cidade bonita e bem cuidada, organizada em sua infraestrutura e de uma grande parceria com a comunidade.

 

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