A Hora: Os últimos anos foram marcados por grandes desafios, como a pandemia e catástrofes naturais. Como os empresários de Lajeado podem enfrentar os desafios de 2025?
Joni Zagonel: Os desafios incluem a adaptação a rápidas mudanças tecnológicas e geracionais, que impactam a forma de fazer negócios e se relacionar com clientes e funcionários. Os empresários devem se engajar mais ativamente, não só em seus negócios, mas também em iniciativas que promovam melhorias em políticas públicas, infraestrutura e legislação. O envolvimento ativo em associações e movimentos comunitários é crucial para enfrentar esses desafios de maneira coletiva.
AH: Quais são os pontos fortes de Lajeado neste 134º ano?
Zagonel: Lajeado se destaca por sua economia diversificada, especialmente no setor alimentício, o que proporciona resiliência econômica frente a crises. A cidade também oferece uma qualidade de vida que atrai profissionais qualificados, graças a instituições como o Hospital Bruno Born e a Univates, que não só oferecem serviços essenciais, mas também impulsionam o desenvolvimento econômico e social ao atrair e reter talentos. Além disso, a localização estratégica e o acesso facilitado a Porto Alegre são vantagens competitivas, embora necessitem de melhorias devido aos recentes desafios de infraestrutura.
AH: E os pontos negativos?
Zagonel: A infraestrutura deficiente é um dos principais pontos negativos, refletindo uma falta de planejamento a longo prazo. As obras públicas muitas vezes só são iniciadas quando a necessidade é crítica, o que impede o desenvolvimento sustentado. A segurança pública também é uma preocupação constante, afetando a sensação de bem-estar e a atratividade da cidade para novos moradores e investidores.
AH: O Fórum das Entidades tem tido um papel ativo nas discussões de políticas públicas. Quais serão os principais focos de debate em 2025?
Zagonel: O contrato de água e esgoto de Lajeado será um tema central em 2025, assim como a infraestrutura logística da região. O Fórum das Entidades, que reúne diversos setores da sociedade, continuará a trabalhar para garantir que as decisões tomadas sejam benéficas para toda a comunidade. A nível nacional, a reforma tributária e o equilíbrio fiscal permanecerão em destaque, exigindo atenção constante das empresas para se adaptarem às mudanças regulatórias.
AH: Quais aprendizados as tragédias climáticas nos deixam?
Zagonel: A maior lição foi o valor das pessoas e da capacidade de mobilização coletiva. É essencial criar planos de emergência e realizar simulações para se preparar para futuros eventos catastróficos. Além disso, devemos tomar medidas proativas para reduzir o impacto de possíveis desastres, aprendendo com as experiências passadas e implementando soluções preventivas.
AH: Quais são suas expectativas para a reforma do Parque do Imigrante?
Zagonel: O compromisso da administração municipal com o projeto da Acil para a reforma do Parque do Imigrante é encorajador. A expectativa é que as obras comecem no segundo semestre de 2025. Estamos focados no desenvolvimento do projeto e na obtenção de financiamento para garantir que o parque possa atender às necessidades futuras da comunidade e de eventos importantes como a Expovale + Construmóbil.
AH: Como a Acil pretende abordar o problema da falta de mão de obra qualificada?
Zagonel: A abordagem passa por dois caminhos: fortalecer a cultura do trabalho e adaptar as empresas às novas realidades. É vital promover a formação profissional desde cedo e mostrar aos jovens as oportunidades de carreira promissoras além do ambiente digital. As empresas precisam investir em tecnologia e eficiência para oferecer melhores salários e condições de trabalho, tornando-se mais atrativas para os talentos.
AH: Como Lajeado deve se planejar para um crescimento sustentável e harmonioso?
Zagonel: O futuro de Lajeado depende de investimentos contínuos em infraestrutura e serviços públicos de qualidade. A cidade deve se posicionar como um polo regional de referência, assumindo o papel de liderança com responsabilidade. O desenvolvimento de atividades econômicas de maior valor agregado, especialmente em tecnologia e saúde, é essencial. Reter e atrair talentos qualificados, oferecendo qualidade de vida e oportunidades de crescimento, será o diferencial para garantir um crescimento sustentável e inclusivo.
“Os empresários do comércio são tradicionalmente resilientes”
A Hora: Qual a sua avaliação sobre a resposta do setor lojista às tragédias climáticas que impactaram a cidade em maio do ano passado?
Giselda Hahn: Os empresários do comércio são tradicionalmente muito resilientes, pois as oscilações do mercado econômico e financeiro obrigam o empreendedor a estar constantemente se adaptando às mudanças. Da mesma forma, temos uma comunidade empresarial muito solidária que estende a mão a quem precisa em momentos críticos, como foi a última enchente.
AH: E como a CDL pode contribuir ainda mais para que possamos definitivamente virar a página e reerguer a pleno a economia Lajeadense?
Giselda: A CDL Lajeado sozinha não tem o poder nem capacidade para virar a página e reerguer a pleno a economia lajeadense. Mas cumprir seu papel de ser entidade fomentadora do comércio por meio de ações de capacitação como o Happy Hour do Empresário e as campanhas do Compre Local e Lajeado Brilha contribuem para qualificar as equipes do varejo e estimular a venda de produtos.
AH: Assim como outras entidades de classe, a CDL também possui como meta constante a busca por novos associados. Como a sua diretoria tem trabalhado nesta questão?
Giselda: A captação de novos associados é uma ação feita constantemente pela entidade, seja durante o ano por meio de vistas a empresas não associadas ou ao final de cada ano quando lançamos uma campanha entre os diretores para que façam convites a amigos e parceiros empreendedores para que se associem. Nessas ocasiões, nós apresentamos os produtos oferecidos pela entidade e seus benefícios para a empresas e seus colaboradores.
AH: E de que forma a CDL tem trabalhado para auxiliar os lojistas na busca por mão de obra cada vez mais qualificada?
Giselda: Esse é, sem dúvida, o grande desafio das empresas de todo o mundo. Temos auxiliado na qualificação dos colaboradores por meio de cursos, palestras e da Convenção da CDL Lajeado.
AH: O que a CDL tem cobrado do poder público municipal nos últimos anos?
Giselda: São várias as reivindicações que impactam diretamente o comércio de Lajeado, mas as principais foram: melhorias na mobilidade urbana, implantação do estacionamento rotativo, revitalização da principal e tradicional rua do Comércio de Lajeado que é a Júlio de Castilhos, controle dos vendedores ambulantes irregulares.
AH: Por fim, como você enxerga o momento atual da nossa cidade que completa 134 anos? Quais são os atuais pontos positivos e negativos, e os principais desafios para uma população que já beira os 100 mil habitantes?
Giselda: Lajeado é uma cidade dinâmica e vibrante, que tem vocação para o empreendedorismo. Ela é formada por pessoas que acreditam na força do trabalho, do associativismo e da participação na vida em comunidade. Lajeado tem apresentado crescimento tanto populacional quanto econômico no estado. Isso se deve ao conjunto de medidas adotadas pelo poder público e pelas lideranças que atuam ou já atuaram no município, tomando a frente em discussões importantes para o crescimento e desenvolvimento da cidade.