Grandes ambições, grandes responsabilidades

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

Grandes ambições, grandes responsabilidades

“Não pode e não deve um príncipe prudente manter a palavra empenhada quando tal observância se volte contra ele e hajam desaparecido as razões que a motivaram. (…) Nas ações de todos os homens, especialmente os príncipes, (…) os fins é que contam.” – Maquavel

Trump foi eleito para mais um mandato de presidente dos Estados Unidos da América. Sua votação foi esmagadora e ele, nos primeiros dias de seu mandato está fazendo, ao contrário de outros, exatamente o que disse que iria fazer. Gostemos ou não, os EUA são a maior potência econômica e militar do planeta, posição a qual ascenderam após o fim da segunda guerra mundial. Aliás, é preciso que se diga que sem a força militar americana e sem as milhões de vidas de soldados soviéticos, o mundo seria hoje diferente.

Finda a guerra, as forças aliadas ocuparam todo o território alemão e dividiram-no em quatro zonas: francesa, britânica, norte-americana e soviética. Berlim ficou numa posição peculiar, sendo uma cidade “ilha” localizada dentro da zona soviética. Com o passar dos anos, houve uma divisão entre a Alemanha ocidental, capitalista, e a Oriental, comunista. Com o enfraquecimento da União Soviética no final dos anos 80, surgiu a oportunidade de derrubar o muro de Berlim e reunificar as Alemanhas.

Assim, em fevereiro de 1990, houve uma reunião com ministro de Assuntos Exteriores da União Soviética, Eduard Shevardnadze com James Baker (secretário de Estado americano) em que esse último afirmou que os Estados Unidos lutavam por uma Alemanha unida que permaneceria “firmemente ligada à OTAN”, prometendo ao mesmo tempo “garantias de ferro de que a jurisdição ou as forças da OTAN não se moveriam para o leste.”

Mais tarde naquele dia, em uma reunião com o presidente soviético Mikhail Gorbachev, Baker reconheceu que “É importante para a União Soviética e outros países europeus terem garantias de que se os Estados Unidos mantiverem a sua presença em Alemanha, no âmbito da OTAN, não haverá extensão da jurisdição ou da presença militar da OTAN nem um centímetro na direção oriental”. Dito isso ele ainda perguntou a Gorbachev se ele preferiria uma Alemanha unida “fora da OTAN” completamente independente, ou uma Alemanha unida que mantenha laços com a OTAN, mas com a garantia de que a jurisdição ou tropas da OTAN não iriam estender-se para leste da linha atual.

Em 10 de fevereiro de 1990, ocorreram negociações entre os lados soviético e da Alemanha Ocidental, nas quais o chanceler alemão Kohl e o ministro das Relações Exteriores alemão, Genscher, deram garantias sobre a não expansão da OTAN. Depois disso, com a dissolução da União Soviética e o fim do pacto de Varsóvia, a OTAN contrariamente as promessas políticas, moveu-se para leste, em direção a Rússia. Questionada, a liderança da OTAN ressaltou que a decisão de limitar a sua expansão nunca foi tomada. Foi assim que a OTAN chegou até a fronteira da Ucrânia. Trump conhece a história e sabe o quanto vale a palavra empenhada, sabe também que colocar o líder da Ucrânia e da Rússia em uma mesa de bar para negociar não funciona… vamos ver se será capaz de deter essa guerra.

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