Região prepara audiências com o Estado e com o governo federal

Modal ferroviário

Região prepara audiências com o Estado e com o governo federal

Grupo de prefeitos e da coordenação do Trem dos Vales aguarda respostas sobre reconstrução da malha sul, em especial no trecho turístico de Guaporé a Muçum

Região prepara audiências com o Estado e com o governo federal
No trecho regional, onde passa o trem turístico, houve 60 deslizamentos. São 20 quilômetros, com oito pontos com necessidade de aterro, reparo em três viadutos e reconstrução de sete quilômetros de trilhos. (Foto: Arquivo A Hora)
Vale do Taquari

As dúvidas e incertezas sobre o futuro do transporte por ferrovia no RS interfere no transporte de insumos e na oferta turística gaúcha. Nos 46 quilômetros do Trem dos Vales, a única certeza é que em 2025 os passeios seguirão suspensos.

Desde novembro, quando foi formada a comissão de estudos sobre a malha ferroviária do RS, com integrantes do Ministério dos Transportes e da concessionária Rumo Logística, não houve atualização sobre os encaminhamentos.

Sem informações, prefeitos da região alta e a coordenação do Trem dos Vales preparam duas agendas. A primeira com o vice-governador, Gabriel Souza, responsável pelo diálogo do Estado com o governo federal. Em seguida, uma audiência com o ministro dos Transportes, Renan Filho.

“Estamos avaliando as datas. Em princípio, o mais provável é que seja em fevereiro. Nosso intuito é que o vice-governador esteja conosco em Brasília, para que tenhamos mais representatividade”, diz o coordenador do Trem dos Vales, Rafael Fontana.

De 2019 até 2023, mais de 112 mil pessoas fizeram o trecho de 46 quilômetros de Guaporé a Muçum. Antes da inundação de maio do ano passado, a atração era vendida por 214 agências de turismo no RS, em Santa Catarina, e no Paraná.

Sem ligação com o resto do país

O único ramal que liga o RS a Santa Catarina está danificado desde a grande inundação de maio de 2024. Na logística, o principal prejuízo está no transporte de cargas, em especial metais e combustíveis. Segundo o Piratini, 60% do Etanol comercializado no estado vem pelas locomotivas.

O vice-governador, Gabriel Souza, critica a falta de interlocução com a concessionária Rumo Logística. Pela análise dele, a falta de informações sobre a situação atual das ferrovias prejudica a implementação de planos para uso do modal de transporte.

Junto com isso, o Estado aponta que a falta de investimentos em conservação vem desde antes das enxurradas, o que elevou o sucateamento da malha sul.

Um diagnóstico preliminar foi apresentado entre outubro e novembro do ano passado. Na análise, são pelo menos 700 quilômetros de trilhos com necessidade de reforma. Naquele cálculo extraoficial, seria necessário um investimento entre R$ 3 bi até R$ 4 bilhões para retomar o transporte.

São mais de 3 mil quilômetros de rodovias que interligam o Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul aos estados do centro-oeste do país. Antes de maio, menos da metade da malha tinha transporte regular por locomotivas.

Pela análise do governo estadual, nas três décadas de concessão, não houve investimento para modernização dos ramais. Com trilhos antigos e sem manutenção, locomotivas antigas e mais lentas, tornaram a opção pelo modal pouco atrativa.

Diagnóstico e concessão

Os estudos sobre as condições da ferrovia gaúcha são liderados pelo secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro. A secretaria executiva cabe a Leonardo Ribeiro, integrante da Secretaria Nacional de Ferrovias. Integram a equipe, ainda, o diretor-geral da ANTT, Rafael Viatale, o diretor-geral do DNIT, Fabrício Galvão, e o diretor-presidente da Infra S.A., Jorge Bastos.

A missão é estabelecer um documento sobre as condições da ferrovia, onde são possíveis manutenções, quais trechos precisam ser desviados ou reconstruídos. Também estabelecerá a origem dos investimentos, quanto sairá do setor público e quais são de responsabilidade da concessionária.

A concessão da Malha Sul é de 1997 e o contrato vence em 2027. Esta outorga contempla vários segmentos ferroviários que cortam os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e RS. O prazo vai até fevereiro, podendo ser prorrogado por mais três meses.

Diante do alto investimento na recuperação, o grupo de trabalho avalia mudanças no mapa ferroviário. Faz pelo menos dez anos que um novo traçado do projeto Ferrovia Norte-Sul foi proposto pelo governo federal.

A ideia, seria usar parte deste estudo, de Lages (SC) até Passo Fundo. A ferrovia seria com um tamanho maior do que a tradicional (a bitola da malha gaúcha é de 1 metro. Tamanho incapaz de receber trens mais modernos e velozes). A estratégia é fazer com que as produções de grãos vindas do Centro-Oeste possam ser trazidas para esse novo ramal.

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