O sinal de quinta geração é ampliado na região. Mais três municípios são contemplados com a tecnologia. Os testes iniciaram ainda em setembro do ano passado e agora a operadora Unifique ativou as antenas em Encantado, Muçum e Roca Sales. Os mais de 37 mil habitantes que residem nas três cidades contam com o sinal amplificado em seus dispositivos desde a semana passada.
Pelo cronograma original, cidades com menos de 30 mil habitantes receberiam o sinal até o fim de 2026. A antecipação desse prazo atende a estratégia comercial das companhias. A operadora Unifique, vencedora do leilão para levar a cobertura 5G na região, também já atende Taquari e conta com mais de 755 mil clientes no Sul do país.
A chegada do 5G pode transformar o dia a dia dos moradores, assim como a economia local. A tecnologia oferece velocidades superiores de navegação, baixa latência e maior capacidade para conectar vários dispositivos simultaneamente, sejam eles celulares, televisões, eletrodomésticos e eletroeletrônicos. São benefícios que favorecem tanto usuários domésticos quanto clientes empresariais, ampliando a produtividade e permitindo inovações em setores como indústria e comércio.
Outro município que recebe o 5G é Coqueiro Baixo. Nesse caso, o sinal é da operadora Tim. Com as novas infraestruturas, são 15 torres na região, a maior parte delas em Lajeado. Em Estrela, a operadora Vivo instala equipamentos em torre nos bairros Boa União e Pinheiros. Já em Teutônia, dois bairros são contemplados neste momento.
O certame da Anatel ainda prevê ampliar a cobertura 4G em localidades longe dos centros. No Vale do Taquari, pelo menos 23 distritos receberão cobertura de celular, o que compreende mais de 2,3 mil moradores. Entre eles, Valdástico (Encantado), Campinho (Roca Sales) e Xarqueada (Putinga).
No teto do hospital
A Unifique instalou uma antena 5G no novo telhado do Hospital Nossa Senhora Aparecida em Muçum, o investimento, segundo o prefeito Mateus Trojan, demonstra a importância de possibilitar uma cobertura maior de sinal após as catástrofes climáticas. “E, de forma ainda mais essencial, vai ser um ganho no roaming de dados, permitindo sinal aberto para todas as operadoras em qualquer circunstância de crise. Aqui no hospital tem sempre um gerador funcionando, então teremos uma alternativa para não perdermos a comunicação”, disse Trojan em um vídeo publicado nas redes sociais.
Conforme o diretor do hospital, André Marcon, o gerador da instituição é de 125 Kva e é acionado automaticamente em qualquer momento de crise. Ele abastece toda a estrutura com energia elétrica, permitindo o total funcionamento do hospital. Na enchente de setembro de 2023, antes da compra do equipamento, a cidade ficou 11 dias sem energia elétrica. Depois da tragédia, em uma parceria com as farmácias Panvel, a casa de saúde comprou um gerador em novembro do mesmo ano.
“O gerador consegue aguentar o tempo que for preciso, porque é um motor de caminhão, só que a cada 250 horas precisamos parar e fazer a manutenção, troca de óleo e filtro, esse processo é realizado durante metade do dia, nesse tempo ele estaria parado. Na enchente de 2024, ele foi utilizado durante 11 dias”, revela Marcon. A Unifique pagará um salário mínimo por mês para manter os serviços da antena 5G no telhado do hospital.
Falta de comunicação
Adriano Miotti, 55, natural e residente de Muçum é proprietário, junto do filho, do Pet Shop Belo Cão, situado no centro da cidade. A falta de comunicação com parentes e amigos resultou em momentos bem desafiadores nos 11 dias que ficaram no escuro. “Ficamos na casa de um cunhado, por ser em um local mais alto e afastado, em alguns pontos da casa era possível conseguir sinal para tentarmos uma forma de comunicação. Não sei como será agora com a antena, como não sou cliente da empresa, tenho minhas dúvidas se mudará algo, mas esperamos sempre o melhor e é fundamental ter meios de transmitir notícias aos familiares”, conta Miotti
Miotti sentiu na pele o pânico que a falta de informações pode causar. Durante o resgate na enchente, sua esposa e filha foram levadas primeiro, a água subiu, o tempo passou e os bombeiros fizeram o resgate dele e do filho. Ele só reencontrou a esposa depois de 36 horas, momento esse em que várias pessoas já haviam se aproximado dela para dar condolências pelo afogamento do filho e marido. “Por sorte, um dos bombeiros a conhecia e avisou que fomos retirados, mas se ela não soubesse? Por isso, é muito necessário ter meios de poder se comunicar nesses momentos de crise”, complementa.
A proprietária da loja de produtos naturais Una Vitta, Juciane Fronquetti, 44, também viu o caos proporcionado pela falta de notícias. “Foi a primeira vez que entrou água em casa, perdemos o contato com meus irmãos que estavam fora do RS e foi preciso irmos até Dois Lajeados, próximo de Guaporé, para conseguirmos sinal. Foi aí que nos demos conta do impacto do que havia sido a enchente, nossos familiares estavam apavorados. Todos se emocionaram quando souberam que tínhamos sobrevivido”, revela Juciane.
Cobertura
Com a implantação da rede 5G, as operadoras precisam ampliar a cobertura da tecnologia 4G em localidades do interior. O compromisso assumido no leilão da Agência Nacional de Telecomunicações inclui a instalação de antenas em pelo menos 21 distritos da região.
A expectativa é levar a conexão de celular para mais de 2,3 mil moradores. Conforme estabelecido pela Anatel, a primeira fase de implantação iniciou ainda em 2024 e deve se estender até o fim de 2028. Na maioria das localidades, o investimento será feito pela Claro. Mas há casos em que a ampliação de cobertura caberá à Tim.
Além disso, o acordo com a Anatel ainda prevê a ampliação de sinal em quatro municípios: Ilópolis, Muçum, Nova Bréscia e Sério. O prazo final também é dezembro de 2028. Por conta do avanço na liberação do 5G, a tendência é que essas datas sejam antecipadas.