Após analisar o caso, o médico psiquiatra Olivan Moraes avalia que o casal de 19 e 20 anos, investigado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, apresenta comportamentos que podem ser compatíveis com transtornos de personalidade, incluindo a possibilidade de um quadro de psicopatia. “Estamos, talvez, diante de um quadro de psicopatia, mas isso exige avaliação mais aprofundada e criteriosa”, ressalta.
O transtorno mental em questão é considerado relativamente raro, afetando cerca de 1% a 3% da população. No entanto, dados da Câmara dos Deputados indicam que indivíduos com características psicopáticas representam uma parcela significativa do sistema prisional brasileiro, estimada em cerca de 20%.
Segundo Moraes, características do transtorno podem estar presentes desde a infância, que se desenvolve ao longo da vida e pode passar despercebido até a ocorrência de crimes graves ou outros de menor periculosidade. Contrariando um mito comum, o psiquiatra afirma que psicopatas não são necessariamente mais inteligentes que a média da população.
Na denúncia apresentada pelo Ministério Público, a mãe da vítima é acusada de, após dar à luz à criança em casa, ter causado sua morte com um instrumento cortante. Já o pai é acusado de não impedir o crime, além de ter ocultado o corpo e destruído provas. O casal ainda é investigado por supostamente limpar a cena do crime.
A possibilidade de inimputabilidade ou semi-imputabilidade será avaliada conforme o avanço das investigações e das perícias psiquiátricas, que poderão determinar se há algum transtorno mental relevante que tenha relação causal com os atos denunciados.