No segundo mandato à frente dos Estados Unidos, Donald Trump volta à presidência do país após quatro anos. Nessa segunda-feira, 20, o governante tomou posse, no lugar de Joe Biden, em cerimônia em Washington. Entre as consequências da mudança de governo que já impactam o mundo, estão fatores como a economia.
Natural de Lajeado e morador dos EUA, o consultor financeiro, Tony Ademo afirma que a segunda posse de Trump gerou uma reação diferente no país, já que em 2017 a eleição do presidente foi tida quase como surpresa. “As pessoas esperavam mais a vitória da Hillary. Ele ganhou e as coisas ficaram bem divididas. Até mesmo quando ele perdeu na última, a transição de governo foi bem complicada”.
Desta vez, Biden garantiu uma transição pacífica. “Minha perspectiva é de que é uma transição mais tranquila do que as outras. E há um otimismo um pouco maior dessa vez”. Ademo afirma que o país continua dividido, com muita polarização, mas há uma expectativa maior em relação ao novo presidente neste ano.
O consultor financeiro afirma que, desde novembro, com o resultado das eleições, já se percebeu uma leve melhora da economia, que ele caracteriza, também, como emocional, ligada à expectativa do novo governo.
Por outro lado, Ademo cita a proposta protecionista de Trump para a economia do país. “Isso é positivo para a economia interna dos Estados Unidos, mas ao mesmo tempo fica complicado para a política externa comercial. Ele está fazendo isso muito mais direcionado para China, mas pode complicar um pouco para outros países também”, ressalta.
O profissional ainda avalia que empresas que investem no país, focadas no mercado interno, podem ser beneficiadas.
Clima de expectativas
Empresário, founder da Agência de Marketing Kreativ, de Lajeado, Elifas de Vargas está em Nova Iorque para participar da Maior Feira de Varejo do Mundo – NRF – que ocorre neste período há mais de 100 anos. Ele também esteve na cidade em 2017, quando Trump assumiu o primeiro mandato e percebe a diferença.
“Naquele ano havia um alvoroço maior, inclusive protestos pró e contra. Desta vez não senti em Nova Iorque uma grande comoção, nem parecia que haveria posse”.
Vargas afirma que, inclusive, a retomada de Trump ao poder foi um dos assuntos do congresso que participa. “Um dos palestrantes falou que existem muitas variáveis em jogo e não quis fazer um diagnóstico tão cedo, tendo precaução com os próximos passos”. Ele ainda diz que para o setor do varejo americano espera-se um ano de muito cuidado, mas com certo otimismo.
Governo preparado
Desta vez, Trump também assume mais preparado e com bons relacionamentos com figuras importantes, conforme avalia o professor do curso de Relações Internacionais da Univates, e doutor em estudos estratégicos internacionais pela UFRGS, Matheus Fröhlich.
Segundo o especialista, o presidente buscou aliados com afinidade tanto ideológica como pessoal. “A gente pode colocar o exemplo do Elon Musk, que foi convidado a assumir uma pasta no governo Trump e também o senador republicano Marco Rubio, que é cotado para ser o secretário de Estado do governo”, afirma Fröhlich.
O professor ainda diz que, nas últimas décadas, a estratégia dos Estados Unidos na América Latina foi ineficiente. Segundo ele, a América Latina não esteve nas prioridades dos Estados Unidos e acabou criando espaço para outros atores investirem, a exemplo da China.
“A ideia do governo é tentar diminuir essa presença. Se vai ser por medidas de pressão, com algum certo tipo de punição para aqueles países que tenham esse relacionamento de investimentos chineses, ou mais num sentido de punição, de taxar importações, de levantar pressões através de outros atores, não sabemos”.
A ideia do governo é ainda acabar com a desdolarização da economia mundial, e retalhar países que não utilizam o dólar como moeda de transação internacional.
No discurso de posse, Trump abordou temas esperados, como questões de taxação e imigração irregular. Em relação à América Latina, destacou o Canal do Panamá e fez breves comentários sobre a presença chinesa na região. Ainda, disse ter a intenção de colocar mais proteção na fronteira com o México.
Anúncios na posse
- Sua primeira ordem executiva será a declaração de emergência na fronteira entre EUA e México, o que significa a autorização do envio de militares à região;
- Vai “retomar o controle” do Canal do Panamá;
- Vai taxar outros países para garantir o protecionismo em medidas energéticas;
- Quer a bandeira americana em Marte;
- Quer “retomar” a liberdade de expressão no país e acabar com a censura e perseguição que ele afirma haver nos EUA.