Extremos do clima e os impactos nas duas regiões

Seca no Vale e inundações em SC

Extremos do clima e os impactos nas duas regiões

Inundações e deslizamento de terra em cidades do litoral catarinense bloqueiam estradas e deixam mais de 880 fora de casa. Já no Vale do Taquari, a falta de chuva compromete lavouras e o fornecimento de água potável

Extremos do clima e os impactos nas duas regiões
Ruas de Balneário Camboriú ficaram alagadas e carros submersos. Chuva em SC superou os 300mm em 24 horas. (FOTOS: DIVULGAÇÃO)

Em meio ao cenário de estiagem no RS, o Vale do Taquari tem um município em situação de emergência. Arvorezinha registra perdas no setor primário e falta de água nas propriedades rurais. Também há desabastecimento em Progresso e Venâncio Aires. Nessa sexta, 17, Lajeado e Teutônia alcançaram as temperaturas mais altas do mundo, com máxima de 38ºC.

Por outro lado, em Santa Catarina, onze municípios decretaram emergência após enxurrada na tarde de quinta-feira, 16. Segundo registros da prefeitura de Florianópolis (SC), foram mais de 350 mm em 24h. A chuva excessiva causou alagamentos, inundações, deslizamentos de terra, desabamentos e interrupções de vias públicas.

Até o momento, um óbito foi registrado. A informação foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros Militar e do governo de Santa Catarina. Trata-se de um homem, de 74 anos, natural de Governador Celso Ramos. Era pescador e morreu arrastado pela correnteza.

O volume intenso de chuva foi provocado pela atuação da circulação marítima sobre o estado, combinada com as características geográficas da região, intensificando a precipitação, especialmente no Baixo Vale do Itajaí e na Grande Florianópolis. O fenômeno, caracterizado por ventos úmidos que vêm do mar, tem provocado chuvas contínuas e fortes, o que contribui para a alta quantidade de água registrada.

Conforme o diretor de Gestão de Desastres da Defesa Civil de SC, coronel César Nunes, apesar dos estragos causados nas últimas horas, a situação normaliza gradativamente. O grande problema destacado por ele é a situação viária. “Os municípios mais atingidos foram Balneário Camboriú na parte da manhã. Tijucas com cerca de 300 mm, além de Governador Celso Ramos. Nenhuma estrutura suporta tanta chuva”, revela.

Trechos da BR-101 foram bloqueados por problemas decorrentes da enxurrada

Com a continuidade da circulação marítima, a previsão é de que as chuvas persistam, e os moradores das áreas afetadas devem estar atentos a novas orientações das autoridades que serão emitidos em tempo real, a qualquer momento, através do sistema ‘Santa Catarina Alerta’ a todos os celulares, mesmo sem cadastro prévio para SMS.

Ajuda gaúcha

Um dos primeiros municípios a oferecerem ajuda a Santa Catarina foi Encantado, por meio do prefeito Jonas Calvi. Em ligação com a prefeita Juliana Pavan, de Balneário Camboriú, Calvi demonstrou solidariedade e colocou o município à disposição para ajudar a cidade que enfrenta enxurradas e outras adversidades ocasionadas em razão das chuvas intensas.

“Chegou a nossa vez de retribuir o apoio que recebemos de Santa Catarina nos momentos mais difíceis vividos por nós aqui no Vale”, disse Calvi. Em resposta, Juliana afirmou que a Defesa Civil está fazendo levantamentos das principais necessidade para quem perdeu tudo, como colchões, cobertores, alimentos para direcionar para as famílias.

Novo sistema de alerta entrou em funcionamento durante extremo climático

A força-tarefa organizada em Encantado já conseguiu reunir colchões, cestas básicas, material de limpeza e higiene. Os catarinenses necessitam de alimentos e itens básicos de sobrevivência. As iniciativas de arrecadação continuam, com foco em atender às necessidades da população impactada.

Já a prefeitura de Muçum está organizando um ônibus com destino a Camboriú para levar voluntários da região para ajudar na limpeza da cidade e entrega de doações. “Temos agora a oportunidade de ajudar quem nos tanto ajudou. Vamos disponibilizar o ônibus que vai sair às 22h deste sábado com retorno previsto para segunda-feira”, descreve Mateus Trojan, prefeito de Muçum.

Emergência por estiagem

Conforme a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, até a última quarta-feira, 15, três municípios já haviam registrado situação de emergência por conta da estiagem nos primeiros dias do ano sendo eles, Arvorezinha, Santa Margarida do Sul e Manoel Viana.

O primeiro registro incluído no sistema foi de Arvorezinha, no Vale do Taquari, em 7 de janeiro. De acordo com a gestão, o município registrou uma situação de emergência de nível 1, que corresponde a pequenas anomalias que podem ser resolvidas com recursos próprios e por meio de medidas jurídicas locais. Caso a estiagem se agrave, Arvorezinha possui base legal para solicitar apoio do governo estadual e federal.

Abastecimento com caminhão-pipa

Pelo menos 40 propriedades no interior de Progresso recebem água com caminhão-pipa

O município de Progresso desde os primeiros dias do ano realiza o transporte de água para várias comunidades que já estão com deficiência no abastecimento, devido à estiagem. De acordo com o secretário de Agricultura, Rafael Bagatini, em torno de 40 propriedades receberam mais de 100 mil litros de água potável.

Em Venâncio Aires o cenário não é diferente. Com a ausência das chuvas regulares, o município registrou uma crescente da falta de água, principalmente nas comunidades de diferentes distritos. Por conta disso, a prefeitura reativou o serviço de caminhão-pipa para garantir o abastecimento humano e animal na área rural. Já são mais de 50 propriedades que fizeram pedidos para recebimento de água.

“Está muito difícil aqui”

Marta Rodrigues Machado, 52, é moradora do Morro da Penitenciária, em Florianópolis. Ela que tem familiares no Vale do Taquari relata momentos de pânico vividos por ela e o neto, de 13 anos. “Está muito difícil aqui. O barranco veio abaixo, pegou uma parte da casa, árvores, barro, lama tudo desceu morro abaixo.

No quarto não posso entrar, pois corre o risco de desmoronar. Tem uma casa em cima no barranco que pode cair a qualquer momento e vir para cima. Estamos sem água e sem energia, não tá fácil aqui.”

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