Mesmo com dias desafiadores por conta da catástrofe climática de maio, a região manteve, em 2024, a tendência de crescimento nas exportações verificada também em âmbito estadual. O índice, de 5,43% na comparação com o ano anterior, teve como fatores positivos os desempenhos de cidades como Cruzeiro do Sul, Lajeado e Arroio do Meio.
Ao todo, as exportações somadas dos municípios do Vale totalizaram US$ 448,669 milhões no último ano, ante os US$ 425,529 milhões registrados em 2023. Os dados constam em relatório divulgado pela Secretaria Federal de Comércio Exterior, estrutura vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Em relação às importações – ou seja, o que as empresas do Vale compraram de outros países –, o montante alcançado no período foi de US$ 119,37 milhões. Com isso, o saldo da balança comercial da região ficou positivo. O superávit, de quase US$ 330 milhões, acompanha os desempenhos do RS e do país.
Áreas diversas na região se destacam no comércio exterior. Em Lajeado, por exemplo, destaque para os setores calçadista, de doces e de carne suína. Encantado teve a erva-mate como carro-chefe no período, enquanto os números de Arroio do Meio foram impulsionados pela exportação de embutidos.
Retomada
Uma das principais exportadoras da região, a Dália Alimentos vive um momento de retomada no comércio exterior. Após um período muito positivo entre 2019 e 2020, a cooperativa passou por dificuldades na sequência. No entanto, os números dos últimos anos indica retomada, ainda que fiquem abaixo do final da década passada.
“Foram anos muito bons para a exportação. O problema sanitário que a China teve na suinocultura fez com que eles comprassem carne de fora. Então, os preços subiram e o mundo exportou muito para a China. Mas em 2021 eles superaram essa crise e deixaram de comprar. As exportações desaceleraram”, lembra Igor Weingartner, vice-presidente Executivo da Dália.
Conforme Weingartner, desde 2022, as exportações crescem ano a ano. “O mercado externo representou 22% do nosso volume no suíno, enquanto o de frango é 6%. Nossa planta na parte de frango é nova. Então primeiro tivemos que conseguir habilitações. O foco, nesse setor, continua bastante no mercado doméstico”.
Setor em alta
Em Lajeado, o setor de doces representou 34% do total exportado em 2024, atrás apenas do setor de calçados. Força representada em duas das maiores indústrias da cidade, a Docile e a Florestal Alimentos. As duas tiveram importância significativa para o superávit da cidade na balança comercial.
Diretor comercial da Docile, Cristian Ahlert destaca que o mercado externo é uma área estratégica para a empresa, que a deixa em posição de competição global. Por isso, cita a necessidade de atualização constante para não perder terreno e se manter competitiva.
“Isso nos exige constante aprimoramento em certificações, qualidade e eficiência, além de sempre nos deixar atualizados frente às tendências globais que podem ou não estar acontecendo aqui”, pontua. Nos últimos anos, cita que o crescimento médio anual das exportações gira em torno de 20%, chegando a ter uma representatividade de 30% a 35% do negócio.
Na Florestal Alimentos, o CEO, Maurício Weiand, comenta que a empresa mantém, há anos, uma operação sólida no mercado internacional. Esse movimento de longa data faz com que a participação das exportações seja significativa no faturamento.
“Oferecemos um portfólio alinhado às demandas do mercado externo, já tendo a linha de gomas destacando-se como a categoria de maior volume de vendas. Para 2025, seguimos o planejamento de ampliarmos nossa atuação, avançando em volume e faturamento”, frisa.
Força do tabaco
Pelo segundo ano consecutivo, Venâncio Aires figura como a sexta cidade com maior volume de exportação no RS. Muito pela força do tabaco, produto que é o carro-chefe da economia local. O município está entre os maiores produtores do país e os números apresentados no estudo evidenciam o potencial.
Ao todo, o município vizinho ao Vale exportou pouco mais de US$ 1 bilhão em 2024. O tabaco responde por 96% desse volume. O prefeito Jarbas da Rosa, em entrevista à Rádio A Hora, destacou a importância do setor para a economia local e exaltou os números, atribuindo-os ao crescimento das vendas para países da América Latina e da América do Norte.
“Cada vez mais fica evidenciada a importância deste produto para a balança comercial brasileira. Estamos a frente de cidades como Caxias do Sul. Esses números devem ser respeitados. “Recentemente, duas empresas se instalaram no município, impulsionadas pela mão de obra qualificada e pela localização estratégica, próxima ao Porto de Rio Grande”, salienta.
Exportação no Vale:
- Anta Gorda: US$ 0,2 milhões
- Arroio do Meio: US$ 34,41 milhões
- Arvorezinha: US$ 5,36 milhões
- Bom Retiro do Sul: US$ 0,3 milhões
- Cruzeiro do Sul: US$ 130,73 milhões
- Dois Lajeados: US$ 0,3 milhões
- Doutor Ricardo: US$ 0,3 milhões
- Encantado: US$ 79,46 milhões
- Estrela: US$ 19,74 milhões
- Fazenda Vilanova: US$ 0,4 milhões
- Imigrante: US$ 10,39 milhões
- Lajeado: US$ 118,44 milhões
- Mato Leitão: US$ 0,2 milhões
- Muçum: US$ 5,53 milhões
- Nova Bréscia: US$ 2,11 milhões
- Poço das Antas: US$ 0,2 milhões
- Putinga: US$ 0,2 milhões
- Roca Sales: US$ 0,4 milhões
- Taquari: US$ 38,92 milhões
- Teutônia US$ 6,15 milhões
- Westfália: US$ 2,71 milhões
- *Venâncio Aires: US$ 1,110 bilhão