A primeira leva das obras de infraestrutura pelo Fundo de Recuperação do RS (Funrigs) será detalhada na segunda-feira. Em cerimônia marcada para às 15h, no Salão Negrinho do Pastoreio, do Palácio Piratini, o governador Eduardo Leite, apresenta os investimentos.
O anúncio é coberto de sigilo. Conforme o porta-voz da Secretaria dos Transportes, o pacote será divulgado apenas no dia. Mesmo assim, existe a confirmação de atender trechos do Vale do Taquari.
Na semana passada, o secretário dos Transportes, Juvir Costella, esteve em Lajeado. Durante as visitas às obras da ponte sobre o Rio Forqueta, na ERS-129, e à manutenção do acesso às pontes provisórias do Exército e à estiva, ele antecipou os projetos para a região. “A ERS-129, no trecho entre Estrela e Roca Sales, e a ERS-332, de Encantado a Soledade, estão entre as rodovias que receberão investimentos.”
Na ERS-332, de Encantado até Soledade, com cerca de 100 quilômetros de extensão, terá um investimento de cerca de R$ 150 milhões, divididos em dois lotes. “A rodovia será totalmente reformulada, com encostas para evitar deslizamentos e contenções. Não será apenas um tapa-buraco, mas uma remodelação completa.”
As obras foram contratadas pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e financiadas pelo Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs). “As empresas já foram selecionadas, e estamos finalizando a análise jurídica para a assinatura dos contratos”, disse o secretário. A expectativa é que as obras comecem ainda neste semestre.
Vias alternativas
Pelo entendimento do Estado, rodovias secundárias se tornaram pontos de escape após a tragédia de maio de 2024. É o caso da ERS-332 e também da 129. Com relação ao trecho Estrela a Roca Sales, a queda da ponte sobre o Rio Forqueta, entre Lajeado e Arroio do Meio, fez com que a rodovia se tornasse a principal rota para ligar a parte baixa e alta da região.
Por isso, se tornou uma das prioridades para obras de resiliência. Conforme o secretário Juvir Costella os recursos na ordem de R$ 50 milhões estão garantidos e os processos em andamento.
“Dentro de três meses a vencedora da licitação termina o projeto executivo”, afirmou. A obra começa por Estrela, entre o fim de março e início de abril. “A rodovia será toda refeita, com outro padrão.”
Até lá, os sete quilômetros de chão batido entre Roca Sales e Colinas terão serviços paliativos. “Temos uma empresa que faz a manutenção deste trecho. Antes da enxurrada, tínhamos um tráfego médio de 300 a 400 carros por dia. Sem caminhões, pois usavam a rodovia”, destacou o secretário e conclluiu: “depois, a ERS-129 passou a ter um fluxo de cinco até oito mil veículos por dia. A maioria caminhões. Ela não foi projetada para isso.”
Acessos
Além das rodovias principais, outras estradas da região também receberão investimentos. Em Relvado, Encantado, Ilópolis e Putinga terão obras de recuperação e tapa-buraco nos acessos.
O acesso a Putinga, por exemplo, começará a ser recuperado ainda em janeiro. Todas as obras estão incluídas no orçamento deste semestre. “O governo do Estado Sul está comprometido em melhorar a infraestrutura e a resiliência climática das rodovias, especialmente no Vale do Taquari”.
Plano Rio Grande
Para estabelecer os formatos das obras de infraestrutura, o governo do Estado almeja enquadrá-las no conceito de resiliência climática. O escopo destas intervenções está dentro do Plano Rio Grande.
Esse movimento estabelece medidas e ações de médio e longo prazo para adaptação climática, com participação das secretarias estaduais, como Transporte, Planejamento e outras, tendo a coordenação da Secretaria de Reconstrução e do Comitê Científico.
Deste modo, todos os encaminhamentos precisam dar conta das complexidades do enfrentamento às mudanças climáticas. Dentro do plano, estão previstas 29 pavimentações a partir do conceito de resiliência climática para todo o RS.
Análise regional
Conforme a posição da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), os gargalos nas rodovias estaduais interferem na retomada econômica e na vida da comunidade. Para o presidente, Angelo Fontana, ao mesmo tempo que é necessário respeitar o trâmite para os investimentos, cabe à sociedade e aos representantes da região fiscalizar e cobrar agilidade para execução das melhorias.
“Temos a palavra do governo de que as obras serão feitas com uma base mais resistente, voltadas para suportar novos eventos adversos. Temos agora é de acompanhar esse trâmite, para que não tenhamos obras iniciadas e não terminadas, como já ocorreu outras vezes.”
O dirigente se refere ao convênio que estabeleceu o asfaltamento de toda a ERS-129. Entre idas e vindas, são mais de dez anos para conclusão de sete quilômetros de asfalto. “Foi feita toda a preparação do terreno. A cancha estava pronta, era só colocar o asfalto. De uma hora para outra, retiraram as máquinas. Se perdeu tudo”, conta o morador, Rodrigo Alex Silva.
Hoje, pelas más condições, a estrada se alterna entre barro e poeira, diz Silva. “É muito caminhão. Um movimento que nunca tinha visto aqui. Quando não tinha a Ponte do Exército, os carros e caminhões ficavam duas horas parados ali.”
Condições na parte alta
Na ERS-332, os últimos meses de 2024 foram de operações tapa-buraco. Mesmo assim, o trecho ainda exige cuidado por parte dos motoristas. Integrantes das associações do setor produtivo, destacam os riscos de acidentes e os danos nos veículos devido a problemas na sinalização, acostamento e buracos. Entre 2021 e 2022, foram investidos mais de R$ 20 milhões para o recapeamento e nova camada asfáltica na ERS-332.
Com o aumento do fluxo durante as inundações, associada a liberação para o tráfego pesado devido às estradas interrompidas, a pista se deteriorou. Municípios de perfil agrícola, com destaque na produção de queijo, nozes e erva-mate, pães e móveis, dependem da 332 para escoamento das produções.