Sempre discreta e livre de polêmicas, a escolha da nova diretoria do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Taquari (Consisa-VT) ganhou uma disputa acalorada nos bastidores políticos. Cito algumas das prováveis motivações para assumir a função, que não oferece remuneração fixa ao presidente, mas traz uma grande responsabilidade de liderar compras coletivas com a participação de até 40 municípios.
- Visibilidade: A cada notícia, entrevista, audiência pública, evento e outros, o presidente ganha espaço midiático. Importante destacar que a mesma exposição ocorre em operações policiais que o grupo possa ser alvo. Recentemente, a sede da entidade, no bairro Montanha, recebeu a “visita” de agentes da Polícia Federal.
- Orçamento de R$ 70 milhões: Os valores movimentados em compras coletivas totalizam, anualmente, R$ 70 milhões — um valor maior do que o orçamento disponível para prefeitos investirem nas suas cidades.
- Articulação regional: O presidente não decide nada sozinho, mas comanda. A sua opinião é crucial na indicação de nomes para cargos importantes dentro do consórcio, como a direção executiva, que é responsável por “comandar tudo”. Esse cargo abre portas para contatos com prefeitos e empresas do Vale e de outras partes do Brasil.
A eleição desta sexta-feira, 17, tem peculiaridades. Uma delas é a divisão existente entre a parte alta e baixa do Vale. O afastamento começou na discussão sobre a concessão das rodovias. Por mais que os prefeitos neguem qualquer rusga, há uma disputa por representatividade no contexto regional. Outra especificidade é o “reencontro” pós-eleição de 2024. Álvaro Giacobbo (MDB) se destaca na Amat (parte alta), após vencer a disputa contra Nilton Rolante (PSDB) pela prefeitura de Doutor Ricardo. Rolante, por sua vez, é o secretário-executivo do Consisa-VT.
Bolsa-família e as vagas de emprego
Com base em ações de prefeitos na Serra e incentivados por associações locais, municípios do Vale identificaram na lista do Bolsa Família uma forma de encontrar mão de obra para as empresas da região. A intenção é das melhores! Faltam profissionais nos mais diversos setores e parte dos contemplados do Bolsa Família tem condições de trabalhar. O contato não é impositivo; ocorre uma visita e a oferta da oportunidade de trabalho. Não há muito mais a ser feito pelo município, visto que o programa é gerido pelo governo federal.
As ações nas cidades podem encorajar o Ministério a atribuir regras mais rígidas para o programa. Afinal, há muitas pessoas com requisitos para receber os benefícios, mas nem todas, talvez nem a maioria. Quem sabe?
UM DEDO DE PROSA:
- O prefeito de Muçum, Mateus Trojan, tem 30 anos. Curiosamente, ele não é novato na política, já foi vereador e está no seu segundo mandato como prefeito. Seu perfil sereno e aglutinador, além da forma como enfrentou os desafios da enchente, fizeram o MDB estadual olhar para ele com mais carinho, colocando-o no radar para o futuro político da sigla.
- É com muita curiosidade que vereadores de Lajeado, tanto da oposição quanto do governo, aguardam o projeto que cria a Secretaria de Zeladoria, a ser encaminhado pela prefeita Gláucia Schumacher. Uma das interrogações é sobre o nome que chefiará a pasta, responsável por solucionar vários pequenos problemas rotineiros da população. Ser lembrado em 2028 por isso, é claro, faz parte.
- Parece série da Netflix, mas são as rodovias ERS-332 e ERS-129, ambas no Vale. A primeira, que vai de Encantado até Soledade, precisa de um recapeamento urgente. O trecho da ERS-129, entre Roca e Colinas, sequer é asfaltado. Ambas receberão melhorias a serem anunciadas na próxima segunda-feira, 20, com direito a evento em Porto Alegre.