Uma jornada marcada por determinação, criatividade e visão empreendedora. Assim é a história da Dullius, fundada em 1979 por Claudir Dullius, que transformou a empresa em uma referência no varejo de roupas, calçados e acessórios no Rio Grande do Sul. Hoje, consolidada como uma rede, possui mais de 20 lojas espalhadas pelo estado.
Para alcançar esse marco, Claudir conta que foi necessário muito esforço e intenção. A primeira loja foi em Santa Clara do Sul. Na época, Dullius abria somente nos finais de semana, quando retornava de Novo Hamburgo com alguns pares de calçado para revender. “Eu trabalhava quintas, sextas e sábados. Às vezes no domingo também, depois da missa, para aproveitar o fluxo da igreja. Tudo era anotado no caderno”, relembra.
Com a ambição de crescer, Claudir apostou em uma segunda loja em Cruzeiro do Sul, mesmo enfrentando limitações financeiras. A estrutura era simples, mas o cuidado com a apresentação fazia a diferença. Sapatos eram exibidos em prateleiras feitas à mão, com preços fixados por clipes, e vitrines criadas com inovação.
O grande marco da história da Dullius foi a inauguração da loja em Lajeado, um sonho antigo do fundador. “Eu ia na frente da praça da matriz (em Lajeado) e via os ônibus chegando, sonhava estar ali. É o que eu sempre falo, quando tu intenciona uma ideia e tu trabalha em cima dela, cria uma imagem. E quando vi, consegui realizá-la”, afirma Claudir.
O crescimento continuou com lojas em Estrela, Venâncio Aires, Santa Maria, Cachoeira do Sul, Santa Cruz do Sul e Caxias do Sul, onde a empresa enfrentou desafios, mas persistiu com dedicação. Hoje, a Dullius é uma rede que soma mais de 20 lojas espalhadas por todo o estado. A administração e a sede da empresa ficam em Cruzeiro do Sul/ RS. “Muitas pessoas vivem dentro de uma crença na sociedade. Muitas pessoas deixam de fazer as coisas com medo do que os outros vão pensar, mas se tu te liberta e acredita, tudo dá certo”.
Atendimento que cativa
A Dullius se destaca não apenas pelos produtos que oferece, mas pela experiência que proporciona aos clientes. Guiados pelo “Jeito Dullius de Encantar”, a equipe prioriza a um atendimento leve e cativante, que segue os principais fundamentos e pilares de Claudir.
Além disso, possui o apoio de conselheiros externos, que profissionalizaram e moldaram os profissionais para tornar a rede uma referência em todo o estado.
Dica de leitura
Dilemas e Problemas: um retrato de nós – Múltiplos autores
Este livro é um convite para o autoconhecimento e à reflexão sobre as experiências que as pessoas compartilham no dia a dia, o que traz à tona os temas universais.
Ao reunir textos de múltiplos autores, a obra revela que apesar das diferenças, os dilemas da vida são praticamente os mesmos.
É uma leitura indicada para quem deseja entender melhor a si mesmo e o mundo ao seu redor.
Entrevista
Claudir Dullius • diretor das lojas Dullius
“Tudo que me envolvo e faço não aceito o segundo lugar”
Wink – Tuas origens são de Nova Santa Cruz. Como era esse ambiente interiorano?
Claudir – A gente não tinha luz elétrica, nem carro. Então, tivemos acesso a poucas coisas. Como nós não conhecíamos o mundo para além, tudo estava bom. Minha infância foi de uma origem bem humilde. Sou o filho mais velho, de seis filhos, mas tenho orgulho e em partes agradeço a Deus por não ter nascido “no topo da escada”. O primeiro par de calçados que me lembro era um chinelo de dedo que fiquei muito feliz em ganhar. Isso me ajudou a criar resiliência para enfrentar dificuldades na vida. Lembro que eu tinha que fazer minha irmã dormir enquanto a mãe ia buscar leite ou enquanto os vizinhos brincavam. Outra coisa que me lembro da infância é que eu queria estudar. Eu fugi para ir à escola e queria ser o primeiro lugar. Isso me instigou a ser o melhor e até hoje, tudo que me envolvo e faço não aceito o segundo lugar. Quero tentar ser o primeiro naquilo que faço.
Wink – Lembro que tu contou que chegou a estudar para ser padre.
Claudir – É verdade, penso muito sobre isso e tenho orgulho de falar. Estudei para ser padre, aprendi muita coisa. Mas acredito que a gente tem que ser como um padre na vida. A empresa hoje é um dos melhores lugares onde a gente consegue ajudar e enquadrar as pessoas dentro de um projeto, a ter um estilo de vida, ter melhoria e gerar prosperidade. Acho que isso também é ser um padre.
Wink – O que essa experiência te ensinou em termos de valores?
Claudir – O jeito de eu conseguir sair de casa, pois meus pais não tinham dinheiro. Eu tinha 17 anos, fiquei três anos, onde trabalhei na cozinha. Lá estavam os padres Jesuítas, os irmãos Jesuítas, estudantes de filosofias e teologia. São uma congregação muito forte. Onde hoje está a Unisinos eu sei que ajudei a roçar aquelas capoeiras. Trabalhávamos durante o dia para poder ganhar o estudo de graça.
Wink – Porque fostes para a cozinha?
Claudir – Acho que era a oportunidade e eu podia trabalhar horas extras. Nós tínhamos uma cozinha em que seríamos 500 almoços por dia. Eu era o mais pequenino, franzino, mas já era o chefe da cozinha. Nos domingos de tarde fazia hora extra para ganhar um dinheiro. Sempre gostei de juntar dinheiro.
Wink – Essa tua história de empreendedorismo e relação familiar, quando tu contou para os teus filhos, de que forma inspirou eles?
Claudir – Algumas pessoas ficam muito frustradas quando os filhos não seguem a sua profissão. Mas eu deixo livre. A Rosana, filha do meio, é arquiteta, ela abriu um escritório e também trabalha na Dullius. O Vinicius, mais novo, trabalha na Dullius. E o Daniel, filho mais velho, também trabalhava lá, mas hoje fizemos uma nova empresa.