O documentário Flow & Rive chegou ao Brasil com a primeira exibição no Memorial de Estrela. A produção, que percorreu festivais na Europa e na América do Norte, destaca a história do Rio Reno e a conexão com as comunidades formadas ao longo do percurso. O Reno, que atravessa a Suíça, Alemanha e os Países Baixos até desaguar no Mar do Norte, é apresentado como símbolo de união entre natureza e cultura. Em Estrela, a narrativa aproximou o contexto local, explorando a relação dos ribeirinhos do Vale do Taquari com o Rio Taquari, e estimulou reflexões sobre a preservação ambiental e o legado cultural dos imigrantes alemães.
Construção do projeto
A obra nasceu do desejo de Roberto Luís Ellis, natural de Estrela e hoje residente em Mainz, na Alemanha, de transformar conceitos filosóficos em narrativas visuais acessíveis. Roberto percorreu o trajeto do Rio Reno, desde a nascente nos Alpes suíços até a foz no Mar do Norte, registrando histórias e diálogos que formaram a base do documentário. “Os rios são mais do que cursos de água, eles são testemunhas da história e conectam pessoas, culturas e gerações”, afirmou Roberto durante a exibição em Estrela.
Danielle Rotholi, co-diretora e também estrelense, foi convidada a integrar o projeto. Descendente de imigrantes alemães, ela cresceu no Brasil, mas passou uma temporada na Alemanha, onde se especializou em Estudos de Mídia Internacional. Danielle explica que o Rio Reno, com uma história rica e marcante, teve impacto direto em sua formação. Durante o mestrado, ela caminhava pelas margens do rio e sentia a conexão com a cultura germânica. “A relação com o Reno trouxe um vínculo profundo com a identidade local, além de inspirar reflexões sobre a importância dos rios na vida das pessoas”, destaca.
O documentário, que apresenta versões em inglês, alemão e português, já foi premiado na Alemanha e na Inglaterra. Embora tenha sido exibido em Estrela e outros eventos, Flow & Rive ainda não está acessível ao público em geral. Isso ocorre porque muitos festivais de cinema exigem que os filmes não tenham sido lançados publicamente antes da exibição, garantindo exclusividade para as candidaturas. Este fator é um dos motivos para o documentário ainda não ter ampla distribuição, mas a expectativa é que o trabalho continue ganhando destaque.
Assim como o Rio Reno define a vida das comunidades ribeirinhas na Europa, o Rio Taquari desempenha papel semelhante no Vale do Taquari. As margens do Taquari abrigaram imigrantes que construíram vilarejos, desenvolveram atividades agrícolas e moldaram a identidade cultural da região. Ela relembra que, ao exibir o documentário em Estrela, viu as pessoas refletirem sobre suas próprias raízes, além de reforçarem a importância de cuidar dos rios. “O documentário mostrou como o Reno e o Taquari compartilham histórias de resiliência e de conexão com a natureza, unindo culturas e tradições em uma mensagem atemporal sobre preservação”, afirma.